O maior banco privado da Alemanha, o Deutsche Bank, proporciona um novo escândalo de espionagem praticado por grandes empresas alemães, utilizando inclusive uma jovem brasileira para obter informações. Um dos principais executivos da direção do banco, Hermann-Josef Lamberti, um antigo membro do comitê de vigilância, Gerald Hermann, um acionista ativista, Michael Bohndord, e o ex-magnata da mídia alemã Leo Kirch estariam entre os alvos do caso de espionagem que está sendo investigado pela justiça.
O Deutsche Bank reconheceu que vigiou cinco pessoas, mas insistiu que não foi uma ação sistemática. E demitiu dois diretores, incluindo o de relações com investidores, Wolfram Schmitt, que teria contratado uma agência de detetives. Bohndorf, um advogado de 66 anos que vive na ilha espanhola de Ibiza, parece ter sido alvo de espionagem por causa de seus persistentes questionamentos nas assembleias gerais e por laços com Leo Kirch, que acusa o banco da ruína de seu império de comunicações. Segundo jornais alemães, advogados de Kirch teriam conseguido informações “sensíveis” junto a alguns executivos do banco.
Suspeito de ter fraqueza por álcool, jogo e mulheres, Bohndorf contou que caiu na “armadilha amorosa” de uma jovem brasileira de 23 anos, que teria sido enviada pelo banco para arrancar informações dele, e que se aproximou dele num café.
A espionagem alvejando o membro da direção Lamberti teria relação com a briga interna pelo poder e também com suposta divulgação de informações. Os casos de espionagem em grandes empresas na Alemanha parecem ainda mais surpreendentes, quando se sabe que a proteção de dados privados no país é extremamente sensível. Em abril, a Airbus alemã reconheceu ter espionado seus assalariados comparando seus números de conta com os dos fornecedores do grupo, supostamente na luta contra a corrupção.
Pouco depois, foi a vez de o presidente da Deutsche Banh, Hartmut Mehdorn, ter de se demitir diante da revelação de um sistema de vigilância pela qual a companhia pública ferroviária espionou atividades de milhares de seus empregados, chegando a apagar e-mails internos. No ano passado, tinha sido a vez de a Deutsche Telekom reconhecer que controlou as comunicações telefônicas de membros de seu conselho de vigilância e de jornalistas entre 2005 e 2006. A empresa varejista Lidl acabou confessado ter filmado seus empregados sem que eles soubessem, graças a câmeras miniaturas.