A advogada pernambucana Paula Oliveira, 26 de idade, confessou ter inventado o ataque de um grupo de neonazistas no último dia 9, ao sair de uma estação no subúrbio de Zurique. As informações são da revista suíça Die Weltwoche. A publicação afirma que Paula assinou uma confissão, no último dia 13, no Hospital Universitário de Zurique, admitindo que também se mutilou.
A revista suíça – que não cita suas fontes – afirmou, ainda, que Paula também contou às autoridades que não estava grávida e que conhecia o Partido do Povo da Suíça, cuja sigla foi escrita com cortes em seu corpo, apenas por cartazes.
A publicação também diz que a atitude da brasileira foi planejada com horas ou dias de antecedência. A Die Weltwoche informa que \”vítimas de violência na Suíça recebem consideráveis quantias de indenização (entre 50 a 100 mil francos suíços)\”. A indenização chega ao valor máximo se a vítima está grávida e tem a gestação interrompida (aborto).
Em entrevista ontem (18) ao Jornal Nacional, o advogado contratado pela família de Paula afirmou que \”ainda não houve um interrogatório formal com o Ministério Público suíço\”. Segundo Roger Müller, \”tudo o que for dito à polícia na ausência de um advogado não pode ser considerado como prova\”.
O Ministério das Relações Exteriores do Brasil afirmou que ainda não teve uma confirmação oficial da suposta confissão de Paula e reiterou o apoio à família independente da situação.
Paula foi também indiciada ontem (18) pelo Ministério Público de Zurique \”por suspeita de induzir as autoridades ao erro\”. A informação está contida em um comunicado do órgão suíço. Paula está proibida de deixar a Suíça. \”Esta medida garante que a mulher permaneça na Suíça o tempo que sua presença for necessária para o inquérito e todas as providências da investigação tiverem sido tomadas\”, diz o comunicado.
A brasileira foi indiciada na terça-feira (17), quando também foi solicitada a indicação de um advogado pelo Estado para defendê-la..
A brasileira deixou anteontem o Hospital Universitário de Zurique, onde estava em tratamento desde que, segundo sua versão, foi atacada por neonazistas, no último dia 9, provocando aborto de gêmos. Ela saiu acompanhada pela família pela porta dos fundos do prédio, para evitar os jornalistas.
Um legista do Instituto de Medicina Forense da Universidade de Zurique afirmou, depois de analisar exames feitos na brasileira, que \”ela não estava grávida no momento do suposto ataque\” e que \”ela mesma poderia ter feito os ferimentos em seu corpo\”.
Na segunda-feira, o pai da brasileira, Paulo Oliveria, disse que Paula não fugiria da Suíça e que os dois deixariam o país de cabeça erguida.
Antecedentes do caso
* Na noite do dia 9, uma patrulha da polícia de Zurique foi acionada à estação de Stettbach – chamada pelo namorado de Paula – e encontrou a brasileira com ferimentos feitos com objetos cortantes. Ela explicou, na ocasião, ter sido agredida por três homens de cabelos raspados e ferida com um faca. Ela também disse que estava grávida de gêmeos havia três meses e que sofreu um aborto no banheiro da estação.
* No dia 13 de fevereiro, o diretor do Instituto de Medicina Forense da Universidade de Zurique, Walter Bär, afirmou em entrevista coletiva que, a partir de exames de legistas e ginecologistas, sua conclusão era de que a brasileira não estava grávida e teria ela mesma feito os ferimentos em seu corpo.