Brazil 2011 inflation forecast eases, 2012 seen up
20 de junho de 2011Hackers derrubam sites da Presidência e do governo brasileiro
22 de junho de 2011Um levantamento de uma associação internacional de consultorias
indicou que o Brasil tem uma carga tributária considerada leve para as
classes mais altas.
Segundo a rede UHY, com sede em Londres, um profissional que recebe
até US$ 25 mil por ano – cerca de R$ 3.300 por mês – no Brasil leva,
após o pagamento de imposto de renda e previdência, 84% do seu salário
para casa.
Já os profissionais que recebem US$ 200 mil por ano – cerca de R$
26.600 por mês – recebem no final cerca de 74% de seu pagamento.
Entre 20 países pesquisados pela UHY, essa diferença de cerca de 10 pontos percentuais é uma das menores.
Na Holanda, onde um profissional na faixa mais baixa recebe um valor
líquido semelhante ao do Brasil após os impostos e encargos (84,3%), os
mais ricos levam para casa menos de 55% do salário.
A lógica também se aplica a todos os países do G7, o grupo de países
mais industrializados do mundo (EUA, Canadá, Japão, Grã-Bretanha,
Alemanha, França e Itália).
Nos EUA, enquanto os mais ricos levam para casa 70% do salário, os
profissionais na faixa dos US$ 25 mil anuais deixam apenas um décimo da
renda para o governo e a previdência.
Tributação ‘esdrúxula’
O representante da
UHY no Brasil, o superintendente da UHY Moreira Auditores, Paulo
Moreira, disse que a pesquisa revela o caráter “esdrúxulo” da carga
tributária brasileira.
Com grande parte dos impostos sendo coletada de forma indireta, a
carga tributária brasileira total supera a tributação à pessoa física, e
é estimada em 41%.
Como esses tributos circulam embutidos nas mercadorias e serviços
consumidos pelos contribuintes, aplicam-se de forma igual a ricos e
pobres, explica.
Para Moreira, entretanto, essa suposta “justiça” tributária é
ilusória, porque as classes mais altas têm formas de evitar o pagamento
de impostos sobre consumo fazendo compras no exterior ou recorrendo a
outros artigos de consumo.
“Se o sujeito ganha R$ 3 mil, a renda dele tem de ser praticamente
consumida em bens de consumo geral: sabonete, comida, arroz, roupas,
gasolina, as coisas que são de grande consumo e que são taxadas com mais
rigor”, explica o especialista.
“Quem tem uma renda alta passado um primeiro momento dos bens de
consumo geral, ele passa a ter consumos mais sofisticados, questões
menos taxadas, obras de artes, enfim, artigos de difícil controle na
tributação.”
Outro fator que contribui para fazer do Brasil um país pouco
“equânime”, segundo o porta-voz da UHY, no quesito tributário, é o teto
aplicado à contribuição previdenciária.
O imposto de 11% do salário é aplicado somente até o valor de R$
3.038,99, o que quer dizer que trabalhadores que ganham acima disso têm
uma fatia maior do seu salário livre de descontos que os que ganham
dentro da faixa.
Atração de mão de obra
Entretanto, como lembra o UHY, o imposto sobre a
renda pessoal é um dos instrumentos utilizados pelos países, sobretudo
emergentes, para atrair mão de obra qualificada.
Dubai e a Rússia, por exemplo, são os dois países com menor nível de
tributação e não fazem nenhuma diferenciação entre a taxa aplicada sobre
a renda dos profissionais em qualquer das duas faixas analisadas.
Enquanto um profissional na Rússia leva 87% do seu salário após os
impostos e encargos – independentemente da faixa de salário -, Dubai tem
alardeado seu regime de “imposto zero” como um dos maiores atrativos de
se trabalhar no emirado.
As primeiras posições entre os países com carga tributária mais leve
para as classes privilegiadas são todas ocupadas por emergentes, como
Egito, Estônia, Brasil e México.
Além disso, todos os países emergentes da pesquisa diferenciam
relativamente pouco entre profissionais de renda alta e mais baixa.
“As companhias olham para o nível de tributação sobre a pessoa física
para decidir onde investir”, disse o sócio da UHY Hacker Young, o
britânico Mark Giddens.
“Se a taxação for muito alta, elas podem ter dificuldades em atrair talentos.”
Paulo Moreira diz que o Brasil não é exceção a esta regra, e que a
tributação leve para as classes mais altas é “um fator favorável na
atração do talento”.
“Essa é uma escolha dura: ou se facilita a vida dos menos
qualificados (que ganham menos) ou a vida dos mais qualificados”,
raciocina.
“O argumento é que mais qualificados trarão tecnologia e
conhecimento, e que tecnologia e esse conhecimento, por sua vez, trarão
condições de melhorar também os menos qualificados.” BBC Brasil – Todos
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