Os empresários brasileiros estão confiantes de que os efeitos da crise econômica internacional já foram superados. Segundo um estudo realizado pela KPMG, 35% dos executivos defendem a retirada dos estímulos fiscais, para que a economia funcione normalmente.
Os entrevistados (41%) afirmaram que o pacote de estímulo do governo foi um dos principais fatores de sucesso no combate à recessão mundial de 2008, principalmente em relação à política fiscal.
Já em outros países, como Irlanda, Rússia, China, Índia e Hong Kong, os entrevistados preferem esperar mais tempo antes de abrir mão desse benefício. A opinião também é apoiada por empresários dos EUA, Canadá e Austrália, que acreditam que a estratégia é uma maneira de reduzir o deficit público.
Dívida pública
Os dados apontam ainda que a maioria do empresariado mundial está preocupada com o patamar atingido pela dívida pública, sendo que a primeira opção para minimizar este problema, segundo 70% dos empresários, é o corte nos gastos públicos.
Dos países da Europa, essa porcentagem aumenta para 77%, enquanto na Ásia-Pacífico e nas Américas, os números são de 54% e 69%, respectivamente. No Brasil, a proporção atinge 90%, com preferência para que a folha de pagamento dos servidores seja o principal alvo da ação.
“Em 2010, a dívida pública do Brasil pode chegar a 44% do PIB, o que representa um aumento de 14% em relação aos níveis de endividamento de 2008. No entanto, esse número é mais favorável, quando comparado às principais economias do mundo”, afirma o sócio da área de tributação internacional da KPMG no Brasil, Roberto Haddad.
Ele acrescenta que os empresários, por sua vez, estão confiantes, pois a economia do País está cada vez mais estável. No entanto, as empresas brasileiras gostariam de ter melhorias no planejamento para diminuir este débito.
Investimento público
Sobre os investimentos públicos em infraestrutura, a pesquisa afirma que eles são aceitos de maneira favorável na maioria dos países. Apenas 24% indicaram a redução como uma opção para administrar a dívida; no Brasil, esse número cai para 6%. No Japão e Hong Kong, as opiniões divergem, enquanto na China 61% dos empresários desejam corte nestes gastos.
Impostos
A alternativa menos indicada pelos executivos foi o aumento da tributação, com apenas 1% de adesão em todo mundo. É consenso que o imposto de renda sobre pessoas físicas e jurídicas e o imposto de consumo devem continuar no patamar atual, com algumas variações para menos. A exceção seria se o aumento de impostos fosse destinado exclusivamente para a amortização da dívida, com 19% de apoio.
Os países mais propensos a aumento de impostos são Reino Unido, com 65%, e Japão, com 60%. Os menos favoráveis são os Países Baixos, Itália, Polônia, Rússia e Eslováquia.
“Alterações nas alíquotas são opções usadas pelos governos para aliviar sua dívida. Ao longo da última década, o que se pode observar foi uma mudança gradual no enfoque do imposto de renda sobre pessoas jurídicas para a taxação por meio de impostos indiretos. Esse movimento está acelerado este ano, já que pelo menos dez países estão desenvolvendo planos para aumentar a porcentagem de impostos indiretos como, por exemplo, tributação sobre mercadorias e serviços. Seguindo esta tendência, a China e a Índia planejam introduzir novos sistemas de impostos de consumo entre 2010 e 2013”, finaliza Haddad.