A greve dos bombeiros do Rio de Janeiro por melhores salários e
condições de trabalho ganhou força com a criação da Frente Unificada das
Entidades de Classe da Segurança Pública do estado. Os representantes
dos policiais civis e militares anunciaram que vão participar das
manifestações organizadas pelos bombeiros. Hoje, eles estiveram reunidos
com o comandante-geral do Corpo de Bombeiros, coronel Sérgio Simões,
quando prometeram apresentar uma proposta para elevar o piso salarial
dos bombeiros e policiais militares para R$ 2.900.
Na última sexta-feira (4), bombeiros insatisfeitos com os salários,
acompanhados de suas mulheres e filhos, invadiram o quartel central da
corporação. No sábado, o governador Sérgio Cabral ordenou que o Batalhão
de Operações Especiais (Bope) da Polícia Militar (PM) e homens da tropa
de choque entrassem no local e dissolvessem a manifestação. Em seguida,
439 grevistas foram presos e levados ao quartel da corporação em
Niterói. As entidades de classe da segurança pública cobram do governo a
libertação dos detidos.
Um dos participantes da reunião com o coronel Simões, o presidente da
Associação de Cabos e Soldados dos Bombeiros, Nilo Guerreiro, disse que a
proposta de elevar o piso salarial da categoria para R$ 2.900 será
apresentada nos próximos dias. Ele afirmou que chegaram a esse valor com
base em estudo feito sobre a defasagem salarial dos militares nos
últimos anos. “A proposta será apresentada oportunamente, uma vez que
fomos recebidos hoje como representantes de classe. Agora, vamos
discutir o que ocorreu na reunião para chegarmos a um consenso.”
Segundo Simões, as negociações têm sido positivas e sua missão é manter
o diálogo entre os envolvidos na negociação. “Quando a gente fala em
negociação, parece que tenho poder de resolver todos os problemas. O que
estou fazendo é ouvir cada um dos setores envolvidos. E eles que
apresentem suas propostas para vermos quais são os pontos convergentes.”
Enquanto negociam com o governo, os bombeiros recebem novas adesões ao
movimento. Depois do anúncio da criação da Frente Unificada das
Entidades de Classe da Segurança Pública, o presidente do Sindicato dos
Policiais Civis do Rio de Janeiro, Fernando Bandeira, afirmou que a
categoria participará das manifestações que os bombeiros e seus
familiares estão fazendo nas escadarias da Assembleia Legislativa do Rio
de Janeiro. Além disso, eles estão programando um ato público conjunto
na sexta-feira (10) e uma passeata na Praia de Copacabana, no domingo
(12).
Apesar do encontro com o comandante-geral da corporação, os
representantes das categorias garantiram não vão abrir mão de negociar
diretamente com o governador Sérgio Cabral.
A Defensoria Pública do estado, por sua vez, entrou com pedido de
relaxamento e de liberdade provisória dos 439 bombeiros presos. De
acordo com o Tribunal de Justiça do Rio, o pedido está sendo analisado
pela Auditoria Militar.