O presidente Jair Bolsonaro disse nesta quinta-feira, 31, que determinou o cancelamento de assinaturas do jornal Folha de S.Paulo em órgãos do governo federal em Brasília. A declaração ocorreu durante uma entrevista por telefone ao programa Brasil Urgente, do apresentador José Luiz Datena na TV Bandeirantes, em que o presidente atacou a cobertura jornalística de seu governo.
\”Nenhum órgão aqui do meu governo vai receber o jornal Folha de S.Paulo, aqui em Brasília. Está determinado\”, declarou Bolsonaro. \”Espero que não me acusem de censura. Quem quiser comprar a Folha de S.Paulo, ninguém vai ser punido por isso, manda o assessor dele, vai lá na banca e compra a Folha de S.Paulo, e se divirta.\”
A atitude remete a medida semelhante tomada na semana passada pelo presidente dos Estados Unidos, Donald Trump. Na quinta-feira, 24, a Casa Branca passou a instruir órgãos federais a cancelar as assinaturas dos jornais The New York Times e The Washington Post.
Trump tem feito ataques constantes a notícias publicadas nesses veículos e já chegou a afirmar, em outubro do ano passado, que a mídia é \”a verdadeira inimiga do povo\”. Ele disse, na ocasião, que parte da imprensa publica informações \”imprecisas, e até fraudulentas\”.
Após a declaração de Bolsonaro, o presidente da Associação Nacional de Jornais (ANJ), Marcelo Rech, lamentou a atitude. \”A ANJ lamenta que, assim como agiu o presidente Donald Trump há poucos dias, o presidente Jair Bolsonaro escolha caminho idêntico, o que significará menos pluralidade e informação profissional para o serviço federal\”, disse Rech, por meio de nota.
\”Mesmo que as assinaturas para governos representem uma receita ínfima para jornais, a livre circulação de notícias e ideias ajuda a construir políticas públicas, a corrigir rumos e aperfeiçoar caminhos na administração pública\”.
Em nota, o jornal afirmou que \”lamenta mais uma atitude abertamente discriminatória do presidente da República contra o jornal e vai continuar fazendo, em relação ao seu governo, o jornalismo crítico e apartidário que a caracteriza e que praticou em relação a todos os outros governos\”.