O processo de internacionalização do BNDES está em marcha. Depois de criar em dezembro a área internacional dirigida pelo vice-presidente do banco Armando Mariante e operada pela superintendente Maria Isabel Aboim, a instituição acaba de indicar Jaime Gornsztejn, funcionário de carreira, para comandar a recém-inaugurada subsidiária em Londres, que vai reforçar a nova frente de atuação do banco. A empresa certificada como BNDES Limited no registro de companhias para Inglaterra e País de Gales vai atuar como uma holding não operacional podendo, dentre outras atividades, gerir fundos. “A BNDES Limited não tem, porém, autorização para exercer atividades bancárias, ou seja, emprestar recursos”, disse Maria Isabel ao Valor.
A escolha de Gornsztejn para tocar a primeira empresa internacional do BNDES levou em conta seu conhecimento do ambiente financeiro londrino. Além de funcionário de carreira, ele está licenciado do banco há 10 anos, trabalhando na KPMG da capital inglesa. “Jaime tem grande conhecimento do ambiente financeiro local e sua presença lá já bastou para começarmos a ter informações e contatos com o mundo financeiro”, adiantou a executiva da área internacional. Para ela, a capital inglesa foi eleita para ponto de negócios do BNDES no mundo porque continua sendo um local por onde tudo passa.
Por enquanto, Jaime Gornsztejn vai trabalhar sozinho em Londres. Mas, o BNDES vai contratar estudos de consultorias para avaliar quais são as potencialidades de trabalho de sua empresa londrina. “Estamos começando e tentando aos poucos conhecer para avaliar melhor a atuação internacional do banco. A gente não precisa correr com isto. Vamos primeiro verificar com base nos estudos encomendados se Londres é realmente o lugar para investir e crescer. A sucursal poderá vir a gerir os fundos de investidores institucionais estrangeiros que o banco trabalha para criar, mas por enquanto ainda é muito cedo”, disse Maria Isabel.
Ela não quis falar sobre o estágio atual da criação destes fundos, limitando-se a comentar que as coisas custam a sair e de repente, acontecem.
A superintendente da área internacional confirmou também a criação de um escritório do BNDES em Montevidéu, capital do Uruguai, a ser inaugurado em abril. A cidade é sede de várias organizações de câmaras intersetoriais na América do Sul, sem falar no Mercosul. O chefe do escritório de Montevidéu ainda está sendo escolhido pelo banco. O escritório uruguaio terá um papel mais de discussão e de representação do BNDES e do Brasil nos fóruns regionais. Já a subsidiária londrina será uma plataforma de lançamento, uma coisa maior que poderá até incluir futuramente uma instituição mais operacional financeira.
A área internacional do BNDES vai concentrar todas as operações no exterior do BNDES, dividindo-se em três eixos: captações no mercado externo, apoio à internacionalização das empresas brasileiras e operações das duas representações do BNDES no exterior, Londres e Montevidéu.
O organograma da nova área do banco concentra suas operações em três departamentos. Um de mercado internacional e fundos externos, chefiado por Marco Aurélio Santos Cardoso; outro de captação e relacionamento institucional internacional, comandado por Terezinha Moreira; e um departamento de internacionalização, sob a batuta de Leonardo Botelho Ferreira. Estes departamentos estão neste momento criando vários produtos para atuar no exterior para reforçar suas relações com bancos internacionais, instituições multilaterais como BID, Banco Mundial, JBIc japonês e KFW alemã, dentre outras. A ideia é abrir caminho para captar mais recursos lá fora. Depois de ter passado sete anos ausente do mercado de títulos, o banco quer novamente firmar sua imagem como emissor neste mercado. “Somos muito fechados, nossa cultura é muito voltada para dentro. É importante mudar este enfoque “, diz Maria Isabel, que desde os anos 90 atua na área externa do banco.