O presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, busca responder a uma das emergências econômicas do momento unindo forças nesta sexta-feira (21) ao anúncio da Intel de investir 20 bilhões de dólares para produzir chips eletrônicos no país, cuja escassez contribuiu para o aumento da inflação.
O presidente americano insiste que a inflação nos EUA está diretamente relacionada com os problemas das cadeias de suprimentos globais e quer que as fábricas retomem sua produção em território nacional, em particular de semicondutores.
Esses chips são essenciais para uma grande quantidade de setores e produtos, desde automóveis e smartphones até equipamentos médicos, inclusive respiradores.
A Intel disse nesta sexta que começará a construção de duas fábricas de semicondutores perto de Columbus, a capital do estado de Ohio, no fim deste ano, com o objetivo de iniciar a produção de chips a partir de 2025.
\”O anúncio de hoje é o último indicador de progresso nos esforços da administração Biden-Harris para acelerar a fabricação nacional de bens críticos, como os semicondutores, para enfrentar os gargalos na cadeia de suprimentos no curto prazo, revitalizar nossa base fabril e criar bons empregos aqui em casa\”, disse a Casa Branca em comunicado.
A Intel planeja contratar 3.000 novos empregados para esses locais, cuja construção envolverá 7.000 operários.
A explosão da demanda durante a pandemia criou gargalos que obrigam as empresas a reduzir a produção em todo o mundo, o que, consequentemente, fomenta a inflação.
– Independência industrial –
\”Em outra época, os Estados Unidos lideravam a fabricação global de semicondutores. Mas, nas últimas décadas, perderam sua vantagem: nossa participação na produção mundial de semicondutores caiu de 37% para apenas 12% nos últimos 30 anos\”, lamentou a Casa Branca.
Biden pressionará o Congresso nesta sexta-feira para que aprove uma legislação para fortalecer o setor de pesquisa e desenvolvimento e a fabricação nos Estados Unidos de produtos para as cadeias de suprimentos críticas, em especial os semicondutores.
\”A administração está trabalhando com a Câmara e o Senado para finalizar esta legislação\”, assinalou a Casa Branca.
O texto inclui fundos para a lei \”CHIPS for America\”, que proporcionará 52 bilhões de dólares \”para catalisar mais investimentos do setor privado e manter a liderança tecnológica americana\”, explicou a Presidência.
A pandemia evidenciou a dependência industrial dos países do Ocidente em relação à Asia, que se tornou o maior produtor de microchips do mundo devido ao baixo custo de produção no continente.
Nesta sexta, Biden se reúne na Casa Branca com o responsável da Intel, Pat Gelsinger, para conversar sobre o projeto.
Desde o início de 2021, a indústria de semicondutores anunciou quase 80 bilhões de dólares em novos investimentos nos Estados Unidos até 2025, segundo dados da federação da indústria citados pela Casa Branca.
Segundo o governo americano, esses investimentos serão responsáveis por criar \”dezenas de milhares de empregos bem remunerados nos Estados Unidos. Além disso, a secretária de Comércio, Gina Raimondo, assinalou que \”os consumidores americanos podem esperar preços menores\” na medida em que os semicondutores começarem a ser produzidos nos EUA.
Contudo, dados os atrasos no início da produção, os investimentos terão pouco efeito sobre a inflação no curto prazo.