Bernanke defende no Senado independência do Fed

Ben Bernanke, presidente do Federal Reserve (Fed), alertou ontem os legisladores americanos para que não tirem do banco central os poderes e a independência que ele precisa para promover o crescimento da economia e a estabilidade dos preços.

“Na medida em que seguimos em frente, precisamos tomar cuidado para que o Federal Reserve continua sendo eficiente e independente”, disse Bernanke ao comitê bancário do Senado durante a audiência que confirmou seu segundo mandato como presidente do Fed. Ele exortou o Congresso americano a não tirar do Fed o papel de supervisor bancário ou sujeitá-lo a mais auditorias intrusivas do governo.

O presidente do Fed disse que as taxas de juros perto de zero não estão alimentando bolhas nos preços dos ativos nos EUA e que não é tarefa do Fed impedir o surgimento de bolhas fora do país. “A política monetária dos EUA tem o objetivo de abordar questões financeiras e econômicas nos EUA”, disse ele. “Os países que estão preocupados com isso possuem suas próprias ferramentas para cuidar das bolhas em seus próprios países” – como a valorização cambial ou mudanças em suas próprias políticas fiscal e monetária.

Bernanke disse que o Fed vai monitorar os preços dos ativos e que, na ausência da proposta de novos poderes de risco sistêmico para combater bolhas, “a política monetária precisa prestar uma certa atenção” aos preços dos ativos. “Estamos de olho nisso.”

O presidente do Fed também disse que o banco central ainda não decidiu se vai parar com as aquisições de ativos conforme programado para março, alegando que isso é um julgamento de política monetária e o comitê vai decidir “se deve ou não fazer mais”, com base nas perspectivas econômicas.

Em meio a questionamentos duros, mas respeitosos, a maioria dos senadores pareceu ontem pronta para apoiar a renomeação de Bernanke, mas muitos se mostraram preocupados com o Fed enquanto instituição, e desafiaram os pontos de vista de Bernanke quanto às funções que o banco central deve ter no futuro.

Chris Dodd, o presidente Democrata do comistê bancário do senado, elogiou Bernanke, afirmando ser ele “o líder certo para este momento da história econômica de nossa nação” – mas disse que quer reduzir as responsabilidades do Fed, para que ele se concentre mais na política monetária. Richard Shelby, veterano Republicano do comitê, retirou seu apoio dizendo: “Por muitos anos eu tive alta estima pelo Federal Reserve. Mas agora temo que nossa confiança tenha sido um erro”.