O Banco Central teve sucesso em sua volta ao mercado de derivativos cambiais, e vendeu todos os 20 mil contratos de swap cambial reverso ofertados em leilão realizado na sexta-feira. Segundo comunicado enviado ao mercado, o montante financeiro relativo à operação corresponde a US$ 987,8 milhões.
Para o primeiro vencimento, em 1º de abril de 2011, foram vendidos todos os 3 mil contratos oferecidos, com cotação máxima de 99,6200. A taxa média ficou em 1,8607% e a linear, em 1,856%. Nesse lote, foram vendidos contratos com valor equivalente a US$ 149,4 milhões.
No segundo vencimento, em 1º de julho de 2011, foram vendidos todos os 7 mil contratos oferecidos, com cotação máxima de 99,2333. A taxa média ficou em 1,6966% e a linear, em 1,686%. Nessa tranche, foram vendidos contratos com valor equivalente a US$ 347,3 milhões.
Para o terceiro e último lote, com vencimento em 2º de janeiro de 2012, foram vendidos todos os 10 mil contratos oferecidos, com cotação máxima de 98,2238. A taxa média ficou em 1,8788% e a linear em 1,860%. Nesse lote, foram vendidos swaps com valor equivalente a US$ 491,1 milhões.
O swap cambial reverso é um contrato feito entre o BC e instituições financeiras no mercado futuro. O swap vem do inglês “troca”. Nesse caso, é feita uma troca de rentabilidades: dólar por juro. No período de vigência do contrato, o BC ganha a variação do dólar, a ser pago pelos bancos. As instituições financeiras, por sua vez, ficam com a remuneração da taxa Selic, bancada pelo governo.
Como o BC fica com a variação do dólar, seja ela positiva ou negativa, a colocação desses contratos equivale à compra da moeda pelo BC. Por essa característica, swaps reversos podem elevar as cotações do dólar. O termo “reverso” é usado porque originalmente, quando começaram a ser utilizados, os contratos de swap funcionavam de forma inversa: o BC pagava a variação do dólar e recebia o juro. Esse instrumento foi utilizado em momentos em que, ao contrário do que ocorre hoje, faltam dólares no mercado, como na crise de 2008 e 2009.
A intervenção da autoridade monetária fez efeito, e a moeda norte-americana registrou alta de 0,96% em relação ao Real na última sexta-feira, cotada a US$ 1,685 no fechamento interbancário do BC, e a expectativa é que esta medida continue puxando a taxa de câmbio para patamares mais amigáveis para a indústria nacional. Na última quinta-feira, o diretor do Departamento de Pesquisas e Estudos Econômicos da Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp), Paulo Francini, afirmou que a taxa média do dólar em 2011 deve ficar entre R$ 1,75 e R$ 1,80, valor bem acima da cotação atual.
Na sexta-feira, o ministro da Fazenda, Guido Mantega, disse que a decisão do BC de fazer uma operação de swap cambial reverso é mais uma orientação de que, neste momento, é necessária uma intervenção no mercado de derivativos. “E o Banco Central voltou a fazer. É uma atuação clássica no câmbio”, disse o ministro, que confirmou que o Conselho Monetário Nacional (CMN) autorizou a realização dos leilões de swap cambial reverso pelo BC.
“Se tem empresas e bancos na posição vendida futura, eles vão sair na posição comprada futura, de modo a neutralizar essa pressão. Quando alguém fica vendido no mercado futuro aumenta a oferta de dólar e, portanto, desvaloriza o dólar e valoriza o real. Quando você entra com swap reverso, quer dizer compra futura de dólar, neutraliza a venda e impede que haja uma valorização do real”, afirmou Mantega.
Poder de compra menor
O poder aquisitivo do dólar no Brasil, ajustado pelo IPCA, é o menor já registrado na história, segundo aponta estudo realizado pela Economatica. O levantamento mostra que, em 30 de junho de 2010, com US$ 100 era possível comprar uma cesta básica e, ontem, dia 13 de janeiro, esse mesmo valor permitia comprar apenas 44,8% da cesta. “Para adquirir a mesma cesta básica de 30 de junho de 1994, precisaríamos colocar mais US$ 55,20 do próprio bolso”, diz a pesquisa. O estudo deflacionou a paridade do dólar pelo IPCA até 31/12/2010, utilizando o dólar ptax de venda de R$ 1,6701. Ainda segundo o levantamento, em 22/10/2002, por exemplo, conseguia-se comprar 1,77 cesta básica com os mesmos US$ 100.
No exterior, o banco central da China informou que elevará a taxa do compulsório dos bancos em 0,50 ponto percentual a partir de 20 de janeiro, no mais recente movimento do governo para conter a inflação. O índice de preços ao consumidor atingiu 5,1% em novembro de 2010, a maior alta em mais de dois anos. A decisão segue-se a seis elevações no compulsório anunciadas em 2010.
Nas operações de câmbio turismo, o dólar foi negociado na sexta em média a R$ 1,803 na ponta de venda, alta de 0,33% no dia. Para compra pelas casas de câmbio, o dólar turismo foi cotado em média a R$ 1,70. O euro turismo avançou 1,42% para R$ 2,35 (venda) e R$ 2,19 (compra).