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18 de abril de 2024O Banco Central (BC) jogou oficialmente a toalha e não trabalha mais para levar a inflação a 4,5% neste ano. Segundo o Relatório Trimestral de Inflação, divulgado ontem pelo BC, diante dos choques (especialmente de alimentos) na inflação, o custo para levar o Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) ao centro da meta em 2011 seria muito elevado para o crescimento econômico, cuja projeção foi reduzida de 4,5% para 4% de alta.
Por isso, a estratégia explicitada ontem é de aceitar um pouco mais de inflação neste ano e fazer o IPCA ir para 4,5% só em 2012. “O Copom entende que os custos, em termos de nível de atividade, de se evitar que os efeitos primários do choque de oferta levassem a inflação, em 2011, para um nível acima do valor central de 4,5% para a meta seriam demasiado elevados”, afirmou o BC, no relatório.
“Nas atuais circunstâncias, a boa prática recomenda buscar uma convergência mais suave da inflação para a trajetória de metas, à semelhança de estratégia adotada no passado”, acrescentou a autoridade.
Com esse discurso, grande parte do mercado passou a apostar em alta de apenas 0,25 ponto porcentual na próxima reunião do Copom, no início de abril, e avaliando que o BC está correndo riscos demais em relação ao combate da inflação.
No relatório de ontem, o BC elevou de 5% para 5,6% as estimativas para o IPCA em 2011, tanto no cenário de referência (que considera juros e câmbio constantes ao longo do tempo) como no de mercado (que leva em conta a trajetória de juros e câmbio projetado pelos economistas que fazem parte da pesquisa Focus). Para 2012, em ambos cenários, a projeção para o IPCA é de 4,6%.
Pela primeira vez, a autoridade monetária colocou no documento suas projeções no chamado cenário alternativo. Este considera a expectativa de juros colocada na pesquisa Focus e uma taxa de câmbio constante. Nesse caso, a inflação ficou ligeiramente abaixo das demais projeções – 5,5% para 2011 e 4,4% para 2012, abaixo, portanto, do centro da meta.
Árduo. Apesar de deixar claro que pretende acomodar o que restou do recente choque de commodities (cujo impacto estimado pelo BC no IPCA deste ano é de algo em torno 0,8 ponto porcentual) na banda de tolerância da meta inflacionária, o BC fez uma defesa enfática da estratégia em curso. O diretor de Política Econômica do BC, Carlos Hamilton Araújo, ressaltou o compromisso em colocar a inflação na meta e disse que este será um trabalho “árduo”.
O diretor explicou que o esforço neste ano é deixar a inflação o menos distante possível do centro da meta, o que facilitará o trabalho para se chegar em 4,5% no ano que vem. “O foco é 4,5%, mas um desvio por causa de choque de oferta é aceitável e é acomodado na banda de tolerância”, disse o diretor.
Ele negou que a instituição esteja aceitando mais riscos no combate à inflação. “A nossa visão é baseada nas ações que foram tomadas”, disse.
Para o Banco Central, os principais riscos para a trajetória da inflação vêm do comportamento das commodities (que, no cenário base, o BC espera acomodação), de repasse de alta nos preços do atacado, do crescimento da demanda acima da oferta, do reajuste de salários acima dos ganhos de produtividade e dos mecanismos de indexação que existem no País.