A inflação não assusta mais ao governo, pelo menos por hora. Conforme o Banco Central, não há risco de repasse da desvalorização cambial para os preços e as commodities pararam de subir, dois inimigos potenciais da estabilidade. Ou seja, a crise gerou um efeito colateral positivo, pelo menos quanto ao controle da inflação que vinha subindo desde 2007.
“As commodities encontram certo equilíbrio a partir do final do ano passado”, disse o diretor de Política Econômica do BC, Mário Mesquita. O diretor destacou também que depois da crise, o câmbio apenas retornou para a média histórica. “Esse movimento tende a gerar menos repasse inflacionário do que quanto ultrapassa a média histórica”, disse Mesquita.
“Existe uma relação entre desaceleração (do crescimento) e inflação. Isso ajudou a conter o repasse da depreciação cambial. Se a economia continuasse a crescer, o repasse teria sido bem mais intenso”, afirmou Mesquita. “Inflação menor é consequência desse cenário”, admitiu o diretor.
O aumento da massa salarial restrita em 2,5% no ano (foi quase 7% no ano passado) também não deverá pressionar a inflação, disse o diretor, que também destaca que a força do mercado interno é atualmente um dos principais componentes para manter a economia aquecida, mas sem colocar o controle da inflação em risco.
Assim como não aposta em retomada da inflação, o BC não acredita que a queda do PIB em 3,6% no último trimestre de 2008 tenha um efeito de carregamento negativo sobre todo este ano. Segundo Mesquita, a “herança” do último trimestre vai contaminar apenas o primeiro trimestre deste ano, permitindo a retomada do crescimento principalmente a partir do segundo semestre.