O Brasil é recordista em número de crimes cometidos pela internet. Mais de 17 mil já foram julgados pela Justiça, fora os inúmeros problemas que nem chegam ao Judiciário. O alerta é do advogado Renato Ópice Blum, especialista em crimes digitais e fundador da Câmara Brasileira de Comércio Eletrônico. De acordo com ele, o uso de novas tecnologias traz benefícios para as pessoas, mas também permite o aumento do número de crimes eletrônicos, como calúnia, difamação e instalação de programas espiões.
\”A prática elevada de fraudes, envolvendo aí desvio de dinheiro, com a instalação de programas espiões, induzindo os internautas a erro, naquelas armadilhas, nos e-mails falsos; acabam acessando sites fraudados, e a partir daí, sem querer, muitas vezes acabam revelando seus dados sigilosos, como login, como senha. A partir daí, os crackers, que são os hackers com objetivos maléficos, acabam utilizando esses dados, não só nesse ponto para transações financeiras, mas para enviar e-mails em nome de outras pessoas, ofender terceiros, inclusive\”, diz.
O advogado cita também o vazamento de informações, que caem na internet, e explica que depois é muito difícil retirar esse conteúdo do ar. Para Opice Blum, é preciso adaptar a legislação para punir os criminosos da rede. \”Nós temos aí 95% de cobertura da legislação para crimes eletrônicos. Dentro desses 95%, 70% apenas de uma boa cobertura, por exemplo, no caso de um crime contra a honra, uma difamação. A pessoa que comete esse ilícito pode estar sujeita a uma pena máxima de dois anos, dois anos e meio; uma pena dessa não coloca ninguém na cadeia. Porém, o potencial de uma ofensa cometida pela internet expondo a pessoa, a honra da pessoa, que talvez justifique sim o encarceramento.\” Para evitar problemas que começam no mundo virtual e atrapalham a vida real, é necessário, alerta o especialista, que se tenha precaução.