Preocupados com o prejuízo de 32% que amargaram no primeiro trimestre do ano com relação a exportações, representantes do setor automotivo estiveram nesta quinta-feira com a presidente Dilma Rousseff no Palácio do Planalto. As perdas, segundo o presidente da Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores (Anfavea), Luiz Moan Yabiku Junior, se deveram a restrições impostas pelo governo argentino ao produto brasileiro. O executivo contou que Dilma escalou o ministro do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior, Mauro Borges, e o secretário executivo da Fazenda, Paulo Caffareli, para irem à Argentina tentar uma negociação com os vizinhos.
– Nós perdemos no primeiro trimestre 32% das exportações previstas, então é um prejuízo bastante pesado. E as exportações significam cerca de quase 20% da nossa produção, então estamos falando de impacto de 6, 7, 8% do impacto na produção.(Dilma) determinou que o ministro Mauro Borges e o vice-ministro Caffarelli rapidamente façam uma conversa com o governo argentino no sentido de destravar esse mercado e voltar o fluxo de comércio. E o que os dois ministros colocaram foi que já na próxima semana estarão na Argentina reiniciando a negociação – relatou Yabiku Junior.
Os representantes do setor automotivo também trataram do aumento de custos que terão na produção de veículos por conta do incremento de gastos na compra da matéria prima (aço), na logística e com energia elétrica. Yabiku disse que o repasse desses aumentos para o consumidor é uma questão de estratégia de cada empresa. Ele negou, no entanto, que os empresários tenham pedido novas desonerações de IPI (Imposto sobre produtos industrializados) ao governo.
– O que colocamos claramente é que estamos num processo de ajuste dos estoques e cada empresa está colocando o maior número possível de mecanismos justamente para preservar empregos – disse.
Outra questão tratada no encontro com Dilma foi a perda registrada no mercado de máquinas agrícolas e de caminhões. Segundo Yabiku, a retração ocorreu por conta de um atraso na publicação de regras de financiamento por parte do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES).
Apesar dos problemas, o presidente da Anfavea afirmou que o mercado automotivo brasileiro é o mais competitivo do mundo. E com isso reforçou que em sua opinião os carros não deveriam aumentar de preço.
– Nós somos um mercado altamente competitivo. Hoje eu diria que o setor automotivo brasileiro é o mais competitivo do mundo. Nós temos 62 marcas atuando no mercado, oferecendo ao consumidor brasileiro mais de 2.500 versões e modelos de autoveículos e, com isso, não há espaço para aumento de preço. O que estamos dizendo claramente é que esse aumento de custo de certa maneira dificulta e traz a nossa produtividade num nível muito baixo – pontuou.