O dólar abriu em queda de mais de 3% ante o real no início dos negócios desta segunda-feira, voltando ao patamar de R$ 2,38, após o candidato do PSDB à Presidência, Aécio Neves, garantir uma vaga no segundo turno das eleições com surpreendente arrancada final, aproximando-se da atual presidente Dilma Rousseff (PT).
Às 9h07m, a moeda americana recuava 3,19%, a R$ 2,3832 para venda, após chegar a ser negociado acima de R$ 2,50 durante os negócios na última sexta-feira. No mercado futuro, os contratos com vencimento em novembro projetavam queda de 2,85%, para R$ 2,404.
Mas isso não significa que a recente volatilidade nas praças financeiras acabou. Ao contrário, ela vai ditar o tom dos mercados pelo menos nas próximas três semanas, até o segundo turno das eleições definir quem comandará o país a partir de 2015.
— O mercado vai começar a avaliar as probabilidades do segundo turno e devemos ver correção — analisa o sócio-gestor da Queluz Asset Management, Luiz Monteiro.
Nas últimas semanas, os mercados financeiros reagiram negativamente ao fortalecimento de Dilma nas pesquisas de intenção de voto que, ao mesmo tempo, indicavam perda de fôlego da candidata Marina Silva (PSB). Só em setembro, o dólar teve valorização de 9,33%. Já a Bovespa, no mês passado, viu seu principal índice acumular perda de 11,7%, a maior queda mensal desde maio de 2012.
Nesta segunda-feira, ações brasileiras negociadas nos Estados Unidos estão em alta, nas operações feitas antes da abertura do mercado. Os American Depositary Receipts (ADRs) da Petrobras avançavam 15%, a US$ 16,05. E os da gigante mineradora Rio Tinto tinha valorização de 1,3%, a US$ 47,77.
AÇÕES DA PETROBRAS VÊM SOFRENDO
As ações da Petrobras são umas das que mais sofrem com a cena política e vão continuar assim, bem como as de outras estatais. Para o diretor de gestão de recursos da corretora Ativa, Arnaldo Curvello, o papel preferencial da petrolífera, que recuou mais de 20% em setembro enquanto Dilma firmava-se na liderança nas pesquisas e fechou a R$ 18,35 na sexta-feira passada, deve aproximar-se de R$ 24 se o tucano continuar ganhando terreno até o segundo turno. Mas faz ressalvas:
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— O mercado vai continuar operando com base em pesquisas eleitorais, mas é bem frustrante imaginar que você não vai conseguir formar realmente posições de longo prazo, porque as pesquisas erraram.
Apesar da possibilidade de enfraquecimento do dólar nos próximos dias, este seria um comportamento de curto prazo.
— Pelos fundamentos, nós deveríamos ter um dólar mais forte. O patamar de R$ 2,50 é mais realista que o patamar de R$ 2,20 ou R$ 2,30 — disse o economista-chefe do Banco J. Safra, Carlos Kawall, que foi secretário do Tesouro Nacional no governo do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT).
Isso porque, acrescentou, há dados melhores da economia americana e ainda fracos em outros lugares. A expectativa é de que o Federal Reserve, banco central dos Estados Unidos, suba os juros em meados do próximo ano.
ARMINIO NA FAZENDA EM EVENTUAL GOVERNO DE AÉCIO
Na votação deste domingo, Dilma teve 41,6% dos votos válidos, ou quase 43,3 milhões, enquanto o tucano ficou com 33,6%, o equivalente a 34,9 milhões, acima do apontado pelas pesquisas. Somando os votos de Aécio aos 22,2 milhões (ou 21,3%) depositados nas urnas para Marina, a oposição conseguiu larga vantagem sobre a presidente.
— Aécio se tornou um adversário muito difícil para a Dilma, ganhou musculatura e novo ânimo após retornar à disputa. O PSDB usará sua estrutura para levá-lo à vitória no segundo turno. Com Marina, seria mais fácil para Dilma… Hoje, as chances de vitoria de Dilma e Aécio são de 50% para cada — afirmou o analista político independente, André César.
Dilma tem sido fortemente criticada pelo mercado financeiro pela condução da atual política econômica, sobretudo pela falta de transparência na administração das contas públicas.
Aécio, por sua vez, sempre foi o preferido pelos mercados, já que o PSDB tem historicamente uma posição mais ortodoxa nas questões econômicas. Além disso, o candidato tucano já anunciou que o ex-presidente do Banco Central Arminio Fraga será seu ministro da Fazenda caso seja eleito no próximo dia 26.
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LEILÕES NO MERCADO DE CÂMBIO
Nesta manhã, o Banco Central dá continuidade às intervenções diárias no mercado de câmbio, com oferta de até 4 mil contratos de swap, com vencimentos em 1º de junho e 1º de setembro de 2015.
O BC também faz nesta sessão mais um leilão de rolagem dos contratos que vencem em 3 de novembro, que equivalem a US$ 8,84 bilhões, com oferta de até 8 mil contratos. Até agora, a autoridade monetária já rolou cerca de 13% do lote total.