JUSTIÇA DE SÃO PAULO DETERMINA QUE O MUNICIPIO AUTORIZE A EXPEDIÇÃO DE NOTAS FISCAIS ELETRÔNICAS.
9 de fevereiro de 2024Por que Rússia deve crescer mais do que todos os países desenvolvidos, apesar de guerra e sanções, segundo o FMI
18 de abril de 2024O governador de São Paulo e candidato à reeleição pelo PSDB, Geraldo
Alckmin, descartou nessa segunda-feira a hipótese de promover
racionamento de água e disse que a Sabesp tem condições de garantir o
abastecimento das cidades atendidas pelo Sistema Cantareira até o
“começo do ano que vem”. Primeiro concorrente da eleição ao Palácio dos
Bandeirantes a participar da série Entrevistas Estadão, o tucano
criticou o que chamou de “exploração política” da crise hídrica.
“Não há necessidade nem é tecnicamente
adequado fazer porque poderíamos perder mais água e, com o risco do
racionamento, as pessoas poderiam guardar mais água e perder toda a
cultura de evitar desperdício”, afirmou Alckmin. O governador citou duas
vezes o presidente do Conselho Mundial de Água, Benedito Braga, que se
posicionou contra a adoção de racionamento por motivos técnicos e
sociais.
“O que estamos fazendo em economia de água (com o bônus
para quem economiza água) equivale a um racionamento de 36 horas com
água e 72 horas sem. Sem a população ser prejudicada”, disse Alckmin. O
tucano afirmou que essa prática tem resultado em economia de 8 metros
cúbicos por segundo no Cantareira durante “a maior seca dos últimos 84
anos”.
Falta d’água e obras
O candidato à
reeleição negou que a Sabesp tenha feito “racionamento branco” ao
adotar medidas como a redução da pressão d’água no período noturno.
Moradores de bairros atingidos pela manobra se queixam de terem sido
surpreendidos.
“Isso é normal, é trabalho que se faz
permanentemente. Não tem nenhum problema. Aliás, eu tenho visto muita
exploração política”, afirmou. “De 19 de julho a 2 de agosto, no ano
passado, a ouvidoria da Sabesp teve 28 mil reclamações. Em 2014, apenas
15 mil.”
Alckmin defendeu as medidas tomadas no enfrentamento da
estiagem, como a substituição de áreas que eram abastecidas pelo
Cantareira para atendimento pelos Sistemas Guarapiranga, Imigrantes e
Alto Tietê. “Fomos o único ente federativo que demos um bônus para quem
economizasse água e tivemos 86% da população reduzindo o consumo de
água.”
O governador disse que sua gestão “vai antecipar em seis
anos” as obras de interligação das represas de Jaguari e Atibainha,
previstas para 2020 como uma das formas de garantir as reservas d’água
do Cantareira. Fora isso, Alckmin destacou as parcerias público-privadas
(PPP) para obras de retirada de água do Rio São Lourenço e a
interligação do Sistema Cantareira com o Paraíba. O governador defendeu
medidas tomadas pelo PSDB, que vai completar 20 anos à frente do Estado.
“Quando o Mário Covas assumiu (em 1995), mesmo que chovesse muito,
havia 6 milhões de pessoas com rodízio de água em São Paulo.”
Palanque
Alckmin
defendeu a aliança local com o PSB de Eduardo Campos, cujo partido
indicou o deputado Márcio França para a vice do tucano, mas reiterou
apoio ao correligionário Aécio Neves na disputa pela Presidência. “Eu só
tenho um candidato, que é o senador Aécio Neves. Ele sabe que o meu
candidato é Aécio Neves, mas tenho grande apreço por Eduardo Campos”,
afirmou, ao ser perguntado sobre comitês que pregam voto nele e no
candidato do PSB ao Planalto e se eventualmente participaria de atos de
campanha com o adversário de Aécio.
Cartel de trens
Ao
ser questionado sobre o cartel do setor metroferroviário, Alckmin
também disse ver uso político do caso, ao citar que as denúncias após o
acordo de leniência da Siemens no Conselho Administrativo de Defesa
Econômica (Cade) surgiram primeiro em relação a São Paulo e Distrito
Federal – governados por partidos de oposição ao PT na época dos
contratos – e depois chegaram a licitações de Belo Horizonte e Porto
Alegre, cujos sistemas são administrados pela União.
“Cartel é
fenômeno econômico que ocorre fora do governo, o governo é vítima”,
afirmou Alckmin. O governador lembrou que chegou a cancelar uma
concorrência suspeita e que investigações desse tipo não são simples.
“Se não fosse a Siemens fazer uma delação premiada, eles (Cade) não
teriam ficado sabendo.”
Alckmin lembrou que o Estado processou a
Siemens, a quem chamou de “ré confessa”, e outras empresas envolvidas no
cartel. “Não queremos transparência vazada, queremos transparência
total”, afirmou, sugerindo vazamento seletivo de informações
relacionadas à investigação do caso.
Tarifa de trens e metrô
Alckmin
não quis se comprometer com a manutenção da tarifa de R$ 3 pela viagem
de trem ou metrô ou de R$ 4,65 em caso de integração com os ônibus
municipais, por meio do bilhete único. Em 2013, o governo chegou a
elevar o preço da passagem individual para R$ 3,20, mas voltou atrás
após os protestos de junho.
O governador afirmou que um eventual
aumento da tarifa a partir de 2015, em caso de reeleição, está
condicionado à taxa de inflação do País. “Não há nenhuma previsão de
aumento”, respondeu, ao ser questionado se haveria reajuste até o fim
deste ano. Em seguida, quando a pergunta era se essa previsão se
estenderia para 2015, Alckmin afirmou: “Não posso garantir que não vai
ter mais. Depende da inflação.”
Alckmin citou projetos em
andamento, como a extensão da Linha 5 (Capão Redondo-Chácara Klabin), a
construção da Linha 6 (Brasilândia-São Joaquim) e fez piada com o número
de outro ramal. “Em Cumbica temos a Linha 13 em andamento. E eu queria
dizer que, embora a linha se chame 13, nós não temos superstição.”
Criminalidade
Alckmin
também foi questionado sobre os recordes de crimes contra o patrimônio,
notadamente roubos, registrados no atual mandato. O candidato à
reeleição começou respondendo sobre os avanços obtidos na área de
homicídios. “No Estado de São Paulo, o número de homicídios para cada
100 mil habitantes, há 17 anos, era 35. Fomos reduzindo e, no ano
passados, tivemos um número de 10,5 para 100 mil. No Brasil é de mais de
20”, afirmou o governador. “Saímos de 5.º Estado mais violento do
Brasil para o 2.º mais seguro do País.”
O tucano apresentou um
quadro que indica redução geral nos índices de criminalidade no Estado, à
exceção dos roubos, e comentou que o fato de ser possível registrar
eletronicamente as ocorrências pode ter influenciado as estatísticas.
“Fomos
pioneiros na delegacia eletrônica. O (registro de) roubo passou a ser
feito eletronicamente. É óbvio que teve aumento. Perda de documentos,
celulares, tudo isso está entrando. Não queremos estatísticas para dizer
que somos melhores que os outros, mas a verdade.”
O governador,
que se disse otimista, afirmou que o combate ao roubo e furto de
veículos tem surtido efeito, e isso será sentido na renovação de seguros
nos próximos meses. “Não tenho dúvidas de que, assim como vencemos a
luta contra os crimes contra a vida, vamos vencer também o roubo”,
afirmou. “Aliás, já caiu o principal, que é roubo e furto de veículo.
Principal porque é na hora do roubo do veículo que ocorre o latrocínio.”
Alckmin
defendeu medidas tomadas em sua gestão no combate ao crime organizado.
“No mundo inteiro tem organização desse tipo. O que precisa ser feito é o
isolamento desses líderes, com regime disciplinar diferenciado,
presídio de segurança máxima e isolamento”, afirmou. “Já temos seis
penitenciárias com bloqueadores de celular.”
No atual mandato,
investigações apontaram para um plano de atentado contra o governador
por parte do Primeiro Comando da Capital (PCC), liderado por Marcos
Willians Herbas Camacho, o Marcola, preso em Presidente Bernardes. “Ele
está em penitenciária que tem bloqueador de celular. A organização tem
que ser combatida permanentemente e o Estado toma todas as
providências.”
Cracolândia e tráfico
Ainda
no assunto segurança, Alckmin aproveitou para fazer críticas ao governo
federal. “São Paulo é o Estado que mais investe no Brasil em segurança
pública. Agora, infelizmente, o Brasil é o maior consumidor de crack e
de cocaína do mundo – e nós não produzimos. Como é que isso entra no
País?”
Por outro lado, Alckmin disse ser “positivo” o projeto
Braços Abertos, desenvolvido pela gestão Fernando Haddad (PT) para
atender usuários na região da Cracolândia. “Infelizmente nós vivemos uma
epidemia. É preciso tratar o doente, porque a dependência química é uma
doença, como apendicite e pneumonia, e é difícil a pessoa sozinha
sair.”
Ao ser questionado sobre a legalização de drogas, Alckmin
se disse contra a proposta. “Não tenho nenhuma convicção de que a
legalização possa melhorar (a situação).”
Saúde e Santa Casa
Na
entrevista, o governador voltou a rebater dados do governo federal ao
comentar a crise financeira da Santa Casa de São Paulo, que chegou a
fechar o atendimento de emergência por falta de recursos. O Ministério
da Saúde e a secretaria paulista da área trocaram acusações sobre o
repasse de verbas públicas à entidade.
“Imagina se iríamos deixar
de repassar verbas do governo federal para a Santa Casa. Aqueles
incentivos que disseram que não estão sendo repassados: um foi extinto
em 2006 e o outro, em 2012”, disse Alckmin. “Não tem briguinha, só a
verdade. O problema não é só da Santa Casa de São Paulo. Há uma crise de
financiamento (da saúde).”