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18 de abril de 2024Os investimentos do governo para a ampliação dos aeroportos brasileiros não serão suficientes para suprir a demanda de passageiros na Copa de 2014. Boa parte dos 16 aeroportos que receberão turistas para o Mundial de futebol já está com a capacidade esgotada ou muito perto do limite, e nem mesmo os aportes previstos resolverão o problema, como mostra levantamento do Sindicato Nacional das Empresas Aeroviárias (Snea), em parceria com o Instituto Alberto Luiz Coimbra de Pós-graduação e Pesquisa de Engenharia (Coppe) da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), divulgado ontem. O pior cenário é o do terminal Juscelino Kubitschek, em Brasília. No ano passado, o número de passageiros chegou a 12,2 milhões, enquanto a capacidade do aeroporto é de 10 milhões.
Com os R$ 414,9 milhões que serão usados para a ampliação do Terminal Sul até 2013, o aeroporto estará apto para abrigar 18 milhões de pessoas, ainda aquém da demanda de 19,9 milhões de pessoas projetada pelo Snea. Somente em junho de 2014, o movimento previsto é de 1,77 milhão de passageiros e, em julho, de 2,08 milhões. “Brasília tem a pior situação. Mesmo com o terminal concluído, não vai atender ao aumento da demanda”, alerta o comandante Ronaldo Jenkins, diretor do Snea. Outro agravante é que a execução das obras está concentrada a partir de 2011, o que piora as condições de atendimento ao passageiro, já que em 2013 a demanda prevista é 18,3 milhões de viajantes. O comandante lembra que filas nas áreas de check-in e falta de lugares na sala de embarque já são cenas comuns no Aeroporto de Brasília, cenário que deve se agravar daqui para a frente. “Vai haver problema sério. E não é só na Copa não, mas bem antes disso”, reforça José Márcio Mollo, presidente do Snea.
Os problemas do Aeroporto de Brasília não se limitam ao fluxo de passageiros. Atualmente, o terminal possui 42 posições de aeronaves, e está no limite. Seria necessário o acréscimo de 110 mil metros quadrados no pátio, mas não há recurso previsto para esse fim, segundo o comandante Jenkins. E há área ociosa, como a atualmente ocupada por sucata de aeronaves de companhias que não operam mais, como a Vasp e a Transbrasil, problema que também ocorre em outros terminais. Em aeroportos como Guarulhos e Campinas não é permitido que aeronaves pernoitem nos pátios.
Prioridades
Em entrevista ao Correio, o ministro do Turismo, Luiz Barreto, disse que a maior dificuldade que o Brasil enfrenta para organizar a Copa é a reestruturação dos aeroportos. “O maior desafio são os aeroportos. Brasília e São Paulo são prioridade”, afirmou. Isso porque as duas cidades são os principais pontos de conexão para as diversas regiões do país. “São Paulo tem que ter o terceiro terminal, um estacionamento e um pátio para aeronaves. Em Guarulhos há problemas com pátio e terminal”, explicou. A preocupação do ministro é endossada pelas previsões de aumento do turismo receptivo. Hoje, o Brasil recebe 5 milhões de turistas estrangeiros por ano e, na Copa, a previsão é que esse número chegue a 10 milhões. Por isso, a urgência de ampliar os aeroportos internacionais. “O Galeão é ocioso em voo internacional em 50%”, observou. Para Barretto, as companhias também têm que fazer a sua parte. “Noventa por cento do aeroporto é privado. Problemas de atrasos e fechamentos de aeroportos acontecem em qualquer lugar, mas tem que haver respeito pelo consumidor”, disse.
Vai haver problema sério. E não é só na Copa não, mas bem antes disso”
José Márcio Mollo, presidente do Snea
*A repórter viajou a convite do Snea
Queda recorde
O tráfego aéreo internacional de passageiros registrou, no ano passado, queda sem precedentes desde a Segunda Guerra Mundial, informou ontem a Associação Internacional de Transporte Aéreo, que considera, no entanto, que os piores momentos ficaram para trás. “No que diz respeito à demanda, 2009 ficará registrado nos livros da história como o pior ano que o setor já conheceu”, afirmou o diretor da representação, Giovanni Bisignani, calculando que um atraso de 2,5 a 3,5 anos em termos de crescimento previsto.
Em 2009, a demanda do transporte aéreo para passageiros cedeu 3,5% em um ano, com uma taxa média de ocupação dos aviões de 75,6%, segundo a associação, que representa 230 companhias aéreas, ou seja, 93% do tráfego aéreo internacional. O tráfego de carga, muito afetado pela desaceleração do comércio mundial, perdeu 10,1% em relação a 2008, com uma taxa de ocupação de 49,1%.
Em ambos os casos, a redução da demanda é a mais importante registrada desde o fim da guerra, e prevê que as companhias aéreas perderão US$ 11 bilhões em 2009 devido à crise econômica.
Reação
No entanto, constatou uma melhoria nos últimos meses do ano, que, segundo ele, se concretizou por meio de um aumento da demanda do tráfego aéreo de passageiros de 4,5% em um ano, em dezembro de 2009, e de 1,6% em relação ao mês anterior.
Em compensação, a demanda do tráfego de carga aumentou 24,4% em dezembro de 2009 em relação a dezembro de 2008, quando foi particularmente fraco, segundo a associação, que, no entanto, espera um aumento dos volumes de carga nos próximos meses.
Risco de apagão aéreo
O quadro alarmante dos aeroportos brasileiros levantado pelo Sindicato Nacional das Empresas Aeroviárias (Snea) será apresentado, nos próximos dias, aos ministérios da Defesa, do Turismo e do Esporte e à Infraero Agência Nacional de Aviação Civil (Anac). “A situação não está tão azul quanto está se pintando. Não é um estudo que se propõe a soluções, mas mostra a preocupação das empresas, pois antes mesmo da Copa de 2014 vamos ter um problema sério de infraestrutura aeroportuária”, alerta o comandante Ronaldo Jenkins, diretor do Snea. Ele reforça que o Brasil tem meios de transporte limitados e que as concentrações em mudanças de sede serão pelo transporte aéreo.
Se os planos de investimento do governo e o ritmo das obras forem alterados, não haverá um apagão nos aeroportos, garante, mas as condições de atendimento ao passageiro serão precárias. “Existe uma perspectiva ruim, pelo desconforto que o passageiro vai ter com filas, salas de embarque lotadas, chegando ao ponto de aeroportos não terem mais condições de receber aeronaves, como Guarulhos e Congonhas”, afirma. Segundo ele, esse cenário crítico vale para quase todos os aeroportos. “Vai ter serviço. O que vai cair é a qualidade no atendimento, além da possibilidade de atrasos”, reforça.
O comandante compara o terminal de Guarulhos com o de Gatwick, na Inglaterra, que figura como o 28º maior do mundo. “A diferença: pátio, terminais e saídas rápidas das pistas, o que faz com que tenha mais capacidade”, diz. Jenkins critica a restrição de pousos e decolagens em aeroportos como Guarulhos, por exemplo, que teve redução de 48 para 45 movimentos por hora, o que vai na contramão do crescimento da demanda.
Em Congonhas, o Snea aponta que é preciso aumentar o numero de posições de estacionamento de aeronaves. Em Viracopos, é necessária a construção da segunda pista de pouso, bem como de uma pista para saída rápida de aeronaves, além da construção de fingers. O Galeão necessita de revitalização e modernização do terminal 1 e reforma geral com complememnação do terminal 2. Confins precisa de mais posições de estacionamento e posições de check-in.