Com o alerta de que o mundo voltou a dar “sinais preocupantes de especulação desenfreada”, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva advertiu ontem que o G-20, frente das maiores economias do mundo, está adotando de forma muito lenta as reformas no setor financeiro global e antecipou que cobrará dos seus sócios um efetivo aumento do poder de voto no Fundo Monetário Internacional (FMI) e no Banco Mundial (Bird) para os países em desenvolvimento.
Ao final de encontro com o presidente da França, Nicolas Sarkozy, no Palácio da Alvorada, Lula insistiu que seria “prematuro” o abandono de políticas anticíclicas pelos países afetados, mesmo diante de dados otimistas sobre a recuperação da economia mundial.
“Já ficou claro que o mundo não pode sobreviver a uma terceira onda de especulação, como essa que nós vivemos”, afirmou Lula, ao referir-se à crise de inadimplência no sistema imobiliário americano e à quebra do banco Lehman Brothers, em setembro de 2008, como as duas primeiras ondas.
“Não podemos ser complacentes com os sinais preocupantes de especulação desenfreada. O Brasil não emprestou US$ 10 bilhões ao FMI para tudo ficar como antes”, completou.
As afinidades nas cobranças e sugestões da França e do Brasil foram notadas nas duas cúpulas do G-20 realizadas desde dezembro passado. No encontro de Pittsburgh, Estados Unidos, nos próximos dias 24 e 25, essa parceria deverá mostrar-se mais vigorosa. A razão não está apenas na evolução a contento dos interesses dos dois países no setor de Defesa, mas também na comunhão de pontos de vista sobre a necessidade básica de maior rigidez nos sistemas de regulação dos agentes financeiros.
Brasil e França temem que o G-20 caia em descrédito por sua ineficácia na adoção das medidas que recomendou. “Vamos a Pittsburgh para que haja mudança e para que seja uma reunião conclusiva. Não queremos que seja uma cúpula para nada”, disse Sarkozy.