Mesmo que o governo aumente a alíquota do Imposto de Renda apenas para
os mais ricos, a medida não deve ter efeito positivo para a popularidade
da presidente Dilma Rousseff, segundo o professor da Universidade de
Brasília David Fleischer. Na opinião do especialista, nenhuma maneira de
aumentar a receita do governo – seja por aumento de alíquotas de IPI,
IOF, Cide ou IR, ou criação de novo imposto – poupará a já baixa
popularidade da atual gestão.
“A única maneira é cortar
despesas”, afirmou. “E pode esquecer o que precisa de aprovação do
Congresso”. Fleischer lembra que a ideia do governo de ressuscitar a
CPMF foi enterrada rapidamente depois de manifestações contrárias do
Congresso, do vice-presidente Michel Temer e de entidades como a Fiesp e
a Firjan. Para ele, a ideia de aumentar a carga tributária aliena ainda
mais o setor privado do governo.
O professor afirma que, no caso
da CPMF, que recaía sobre as transações financeiras, havia pelo menos o
ponto positivo de ajudar a rastrear sonegadores e criminosos, como
traficantes. Já o IR, apesar da vantagem de não ter impacto sobre as
pessoas jurídicas, o desgaste popular seria grande. O efeito de
arrecadação, estimado em R$ 7 bilhões, também não seria suficiente para
tapar o buraco nas contas públicas, calculados pelo governo em R$ 30,5
bilhões na peça orçamentária enviada ao Congresso.