O PSDB atacou o pronunciamento em rede de TV e rádio feito pela presidente Dilma Rousseff na noite de quarta-feira, o que eles afirmam ser uso do poder público em favor de “uma candidatura e de um partido político”. Nesta quinta-feira, o partido divulgou nota em que afirma que a presidente usou os oito minutos do pronunciamento para atacar a oposição. Após a divulgação da nota dos tucanos, a liderança do PT na Câmara dos Deputados reagiu e partiu ao contra-ataque. O líder do partido, deputado José Guimarães (PT-CE), afirmou que a posição do PSDB mostra falta de propostas da oposição para o país.
“O conceito de República foi abandonado. A chefe da Nação, que deveria ser a primeira a reconhecer-se como presidente de todos os brasileiros, agora os divide em dois grupos: o “nós” e o “eles”. O dos vencedores e o dos derrotados. Os do contra e os a favor. É como se estivesse fazendo um discurso numa reunião interna do PT, em meio ao agitar das bandeiras e ao som da charanga do partido”, afirmou o presidente do partido, deputado Sérgio Guerra (PE).
Para os tucanos, houve o uso indevido do horário em rede de TV e rádio para “promoção pessoal e política da presidente”, o que seria uma afronta à democracia.
“No governo do PT, tudo é propaganda, tudo é partidarizado. Nada aponta para o equacionamento verdadeiro dos problemas do país ou para uma solução efetiva. Em vez de assumir suas responsabilidades de gestora, fazendo o governo produzir, o que se vê é o lançamento prematuro de uma campanha à reeleição, às custas do uso da máquina federal e das prerrogativas do cargo presidencial”, concluiu o PSDB, na nota.
Provável candidato do partido à Presidência, o senador Aécio Neves também divulgou nota na qual chamou de ‘inaceitável’ o uso feito pelo PT de estruturas do Estado para alcançar seus objetivos político-partidários. “Falou à Nação não a presidente da República, mas um partido político (…) registro meu pesar por este triste marco de quebra do princípio da impessoalidade no exercício da Presidência da República”.
PT reage e diz que tucanos não têm proposta para o país
O líder do PT na Câmara, José Guimarães (CE) divulgou nota após a manifestação do PSDB. Ele destacou o lado político da não adesão de três empresas geradoras de energia ao pacote anunciado por Dilma, todas em estados governados pelo PSDB, e disse que faltam propostas aos tucanos.
“A nota do PSDB divulgada nesta quinta-feira mostra claramente que faltam à oposição propostas para o país e sobra a surrada opção de distorcer e manipular os fatos. Antidemocrático é censurar a palavra da presidenta sobre as conquistas de seu governo e querer estabelecer inclusive o cenário e quando ela deve falar à nação”, afirmou Guimarães.
No texto, o líder petista sustenta que o PSDB entrou “em um beco sem saída”, ao tentar se opor à redução da conta de luz para tentar derrotar a proposta do governo.
“Talvez o episódio sirva para reorientar a eterna campanha eleitoral dos tucanos”, afirmou, trazendo novamente ao debate da redução de energia o cenário eleitoral.
Na noite de ontem, a presidente anunciou que as contas de luz das famílias brasileiras cairão 18% e as do setor produtivo (indústria, agricultura, comércio e serviços) até 32%, já a partir de hoje. Os percentuais são maiores do que ela divulgara em setembro, também em rede nacional, e o prazo para vigência da medida foi antecipado em 13 dias. Ontem, em tom enfático e desafiador, a presidente classificou de “sem fundamento” as previsões de que o governo não conseguiria reduzir as tarifas de energia e descartou qualquer risco de racionamento energético, afirmando que o sistema brasileiro é “um dos mais seguros do mundo”.
Num pronunciamento de oito minutos, Dilma subiu o tom das críticas aos que duvidaram da queda nas tarifas de energia elétrica e apostaram em racionamento, especialmente após o registro de apagões pelo país e a redução do nível de reservatórios de hidrelétricas com a seca.