Mesmo com a discussão sobre os royalties ainda pendente no Congresso, a presidente Dilma Rousseff autorizou nesta quinta-feira a realização da 11ª rodada de licitações de campos de petróleo em maio, conforme previsto ainda no ano passado pelo ministro de Minas e Energia, Edison Lobão. Nessa ocasião, serão leiloados 172 campos do pós-sal (metade em terra e metade no mar) na região entre Rio Grande do Norte e Amapá. Também serão licitados blocos menores em terra, que instigam interesse de empresas de petróleo pequenas e médias. O presidente do Instituto Brasileiro do Petróleo (IBP), João Carlos França de Luca, estima que os bônus obtidos com as ofertas para concessão de blocos exploratórios somem US$ 1 bilhão.
O presidente do IBP afirmou que, com os novos leilões, a indústria petrolífera vai ajudar a reativar a economia brasileira. Mas ele destacou que mais importante do que o valor dos bônus, será o impacto que a retomada das atividades representarão na economia.
— Mais importante que os bônus, são os investimentos que virão para o país e o impacto em toda cadeia de fornecedores. de materiais, equipamentos e serviços, gerando muitos empregos — destacou De Luca.
Segundo o executivo a volta dos leilões era um desejo das indústrias de petróleo, uma vez que muitas já estão praticamente sem concessões exploratórias, ocrrendo o risco de desmobilizarem equipes e em muitos casos serem obrigadas a sair do país.
Brasil tem potencial de 500 trilhões de metros cúbicos de gás xisto
Edison Lobão convocou entrevista coletiva com a imprensa nesta quinta-feira para informar também que a presidente Dilma deverá promover em dezembro a primeira rodada de licitação de exploração de blocos de exploração de óleo e gás não-convencionais (conhecidos como “shale gas” ou gás de folhelho).
— Esse é hoje um tipo de gás que está muito na moda no mundo inteiro, sobretudo nos EUA — disse Lobão.
O gás de xisto têm sido visto como o “pré-sal” dos EUA nos últimos meses, dado o volume significativo de suas jazidas e a qualidade do produto extraído do subsolo. Segundo Magda Chambriard, diretora-geral da Agência Nacional do Petróleo, Gás e Biocombustíveis (ANP), o Brasil tem potencial de exploração de gás e óleo não-convencional nas bacias do Parecis (MT), Parnaíba (MP), São Francisco (MG/BA), Paraná (PR/MS) e Recôncavo, na Bahia. O potencial brasileiro seria de 500 trilhões de gás cúbicos (TCF), segundo Magda, mas esse seria o teto e ainda teria de ser avaliada a qualidade do gás.
— Temos ainda de comprovar se existe ou não (o gás convencional), mas é algo que não podemos deixar para trás — disse Magda, completando: — Temos de investir e nos apoderar do potencial brasileiro.
— A lei do gás estabelece que Ministério de Minas e Energia procure sempre meios e modos de ampliar o fornecimento de gás — disse o ministro.
Lobão anunciou, ainda, que a presidente Dilma cancelou definitivamente a 8ª rodada de concessões de blocos de petróleo, feita em 2006, mas que foi suspensa pela Justiça. Depois da descoberta do pré-sal – que tinha áreas nas regiões da 8ª. Rodada –, o governo decidiu manter a suspensão para rediscutir o marco regulatório, mas só agora a rodada foi definitivamente cancelada. Foi confirmada, ainda a previsão do governo de fazer o primeiro leilão de áreas do pré-sal em novembro.
O ministro evitou comentar a possibilidade de racionamento de energia no país e o uso de usinas termelétricas para compensar a escassez de água nos reservatórios com a falta de chuvas.