Os testes criados pela União Europeia (UE) para averiguar a capacidade dos bancos de suportar choques financeiros enfrentam seu próprio teste de estresse nos mercados hoje.
Reguladores e responsáveis pela elaboração das políticas da UE expressaram alívio com os resultados da última sexta-feira, mas alguns analistas de mercado e muitos comentaristas da mídia desprezaram um exercício no qual quase todos os bancos listados passaram, acusando-o de não ter credibilidade. “Não vejo nenhum estresse neste teste. É como mandar os bancos passarem um fim de semana descansando”, afirmou o estrategista-chefe da Cantor Fitzgerald, Stephen Pope.
A conclusão dos reguladores da UE de que os bancos só necessitam de um total de 3,5 bilhões de euros de capital extra foi recebida com ceticismo. As expectativas do mercado haviam oscilado entre 30 e 100 bilhões de euros, embora muitos bancos europeus já tenham se capitalizado durante a crise financeira. Entretanto, a grande quantidade de informações disponibilizadas e o comprometimento de bancos, reguladores e governos de adotar novas ações podem contrabalançar as dúvidas sobre a severidade dos testes.
Após a divulgação dos testes de estresse aplicados em bancos europeus, a Itália dá o primeiro passo e se prepara para reabrir um programa de financiamento para instituições financeiras locais. Os bancos italianos que participaram dos testes e foram aprovados são: UniCredit, Intesa Sanpaolo, Banca Monte dei Paschi di Siena, UBI Banca e Banco Popolare.
“Em linha com a política da União Europeia (UE), mesmo não havendo nenhum sinal mostrando que os bancos italianos precisem utilizar esses instrumentos, o governo da Itália vai reabrir essa linha” dos chamados bônus Tremonti, disse o Ministério das Finanças. Sete dos 91 bancos da União Europeia submetidos ao teste de estresse foram reprovados. O total é menor que o esperado, que variava entre dez e 15 instituições reprovadas.
O teste foi promovido para medir a capacidade das instituições de resistir a uma piora da economia. Os Estados Unidos realizaram um teste de estresse no primeiro semestre de 2009.
Dez dos 19 bancos não conseguiriam passar pelo cenário de crise.
Os bancos que falharam são: o grego ATEBank, o alemão Hypo Real Estate e cinco instituições de poupança espanholas: Unnim, Diada, Espiga, Banca Civica e Cajasur. Os bancos não conseguiram cumprir a exigência de capital dentro do pior cenário.
Os bancos têm de estimar quanto capital seria necessário em dois cenários adversos: em uma situação de crise extrema com recessão por volta de 3%, e de uma crise de restrição de crédito interbancário.
Em cada cenário, os números dos bancos foram testados com o objetivo de verificar se as instituições conseguiriam manter uma taxa de capital próprio (Tier 1) de pelo menos 6%. Os sete bancos que não foram capazes de cumprir a exigência devem ser recapitalizados.
O grupo espanhol Santander divulgou nota de imprensa em que comemora os resultados obtidos no teste. De acordo com a nota, o banco manteria seu capital básico (Tier 1) em 10%. Em Portugal, os quatro principais bancos foram aprovados nos testes de solvência: Caixa Geral de Depósitos (público, CGD), BCP, BES e BPI – que constituem dois terços dos ativos do sistema bancário português e demonstraram um grau elevado de resistência em caso de situação adversa.
A Suíça realizou seu próprio teste de estresse.
A Finma, autoridade reguladora do sistema financeiro da Suíça, disse que o UBS e o Crédit Suisse, maiores bancos do país, são fortes para suportar novos choques. O banco central da Suíça, por sua vez, exortou UBS e Credit Suisse a continuarem a reduzir alavancagens e a melhorar seu capital.
O euro registrou ganhos modestos na sexta-feira, depois de a maioria dos bancos da Europa ser aprovada nos testes de estresse. A moeda comum europeia fechou cotada a US$ 1,2918, de US$ 1,2892 da última quinta-feira.
Londres fechou em queda de 0,02%, em 5.312,62 pontos. Frankfurt encerrou com elevação de 0,39%, em 6.166,34 pontos. Paris fechou em alta de 0,18%, em 3.607,05 pontos.