A magic moment for the city of God
11 de junho de 2010UN sanctions could be an opportunity for Brazil
15 de junho de 2010Segundo especialistas, papéis devem ter desempenho volátil até que detalhes da capitalização, que pode superar R$ 100 bilhões, sejam anunciados
Quem achava que a aprovação do projeto de capitalização da Petrobrás significaria o fim da instabilidade das ações da empresa se enganou. Na quinta e na sexta-feira, dias que se seguiram ao sinal verde do Congresso ao projeto do governo, os papéis mantiveram o comportamento volátil dos últimos meses. Sexta, as ações preferenciais (PN) caíram 1%, para R$ 29,60.
A explicação dos analistas para o desempenho é também um alerta para investidores mais afoitos: a volatilidade deve continuar até que todos os detalhes da operação sejam definidos. O valor total da oferta de ações será estabelecido em 22 de junho, na assembleia de acionistas.
Até que essas informações sejam públicas, a recomendação é de cautela – tanto para quem já é acionista e pensa se vai ou não subscrever a operação quanto para quem ainda não é e cogita comprar papéis da companhia.
“Precisamos saber exatamente o valor da cessão onerosa (parte do governo na capitalização, que será paga com barris de petróleo do pré-sal), além dos planos de investimento da empresa e detalhes do contrato”, afirma Mônica Araújo, da Corretora Ativa.
“Por mais que seja uma empresa representativa, tem de ter cautela porque a volatilidade vai continuar”, emenda Victor de Figueiredo, da corretora Planner.
Do início do ano até agora, as ações da Petrobrás registraram desvalorização de 18,12% – período em que o Índice Bovespa caiu 7,27%. A perda dos papéis da estatal, segundo analistas, é reflexo de três fatores: as indefinições sobre a capitalização, a crise fiscal na Europa e o desastre ambiental no Golfo do México provocado pelo acidente em uma plataforma da britânica BP.
“Mas o principal deles, sem dúvida, foram as incertezas em torno da capitalização”, diz Figueiredo. “É uma grande operação, com várias etapas a definir, e houve um atraso na resposta dessas etapas.” Só com os dados detalhados em mãos, dizem, será possível avaliar os prós e contras do investimento.
Os analistas lembram que, como se trata da maior capitalização em curso no mundo, estimada em R$ 100 bilhões, é muito provável que todos os investidores pessoa física que se interessarem pela operação consigam garantir sua participação. Ou seja, não é preciso correr para se decidir.
No limite. Mas por que a decisão tem impactado tanto as ações da estatal? Sem a capitalização, o nível de endividamento líquido (fruto da relação entre endividamento e patrimônio líquido) da Petrobrás, que chegou a 32% no fim do primeiro trimestre, pode estourar até setembro.
No caso de uma empresa desse setor, estourar significa ultrapassar 35%. Esse é o nível máximo permitido pelas agências de classificação de risco para garantir a essas companhias o selo de qualidade conhecido como grau de investimento.
Mesmo com as inúmeras incertezas, há quem diga que comprar os papéis da Petrobrás para garantir a participação no processo de capitalização – já que terá preferência quem já é acionista – promete ser um bom negócio.
Júlio Mora, operador sênior da Corretora TOV, é um deles. Para Mora, é certo que, após a capitalização, a Petrobrás terá ganhos muito significativos, sobretudo pelo desenvolvimento do pré-sal. “Não dá para perder a oportunidade”, afirmou.
PONTOS IMPORTANTES
22 de junho
É a data em que o mercado
deve conhecer os detalhes da capitalização da estatal
Informações
O dado mais importante será o valor da cessão onerosa, que definirá o custo de extração dos 5 bilhões de barris cedidos pela União à companhia para que a capitalização ocorra
Segundo semestre
O mercado espera que a capitalização ocorra antes das eleições, marcadas para outubro
Acionistas
Quem for acionista da estatal terá prioridade na aquisição
das ações no momento
da capitalização
Endividamento
O nível de endividamento líquido da companhia estava em 32% no fim do primeiro trimestre. O limite exigido pelas agências de classificação de risco em companhias com grau de investimento – como a Petrobrás – é de 35%. Se a capitalização não ocorrer, o risco de perder a nota é muito grande
