O presidente do Banco Central (BC), Henrique Meirelles, afirmou ontem, em almoço-debate com o Grupo de Líderes Empresariais – Lide, em São Paulo, que não fará novas mudanças no compulsório sobre depósitos a prazo e que o horizonte dos próximos seis meses está definido. “O efeito de liquidez para os mercados ficou neutro e é essa a indicação que estamos dando para os próximos meses: de neutralidade em termos de medidas globais de liquidez e de diminuição do direcionamento obrigatório, na medida em que os bancos médios já estão com sua condição de captação absolutamente normalizada”, afirmou.
Na noite de segunda-feira, o BC anunciou que as instituições financeiras só poderão abater da parcela do compulsório recolhida em espécie os ativos comprados de bancos com patrimônio de referência de até R$ 2,5 bilhões; consideradas de pequeno porte. Anteriormente, admitia-se deduzir do compulsório as aquisições de instituições com patrimônio de até R$ 7 bilhões. O órgão também alterou a alíquota do compulsório sobre depósitos a prazo de 15% para 13,5%, reduziu o compulsório sobre depósitos a prazo em espécie de 60% para 55% e elevou a parcela recolhida em títulos de 40% para 45%.
O presidente do BC também recomendou cautela no processo de retomada da economia. “Tenho feito alertas com relação ao excesso de euforia. É necessário evitar desequilíbrios e distorções de precificação que possam ser trazidos no processo de retomada”, disse. Meirelles evitou falar sobre o comportamento do câmbio, alegando que “não é boa política dar sinalizações indevidas”, mas aconselhou os 304 empresários presentes ao evento que evitem movimentos exagerados.
De acordo com ele, nos últimos anos o real mudou de comportamento e, hoje, a moeda tem relação mais forte com o preço das commodities e com a aversão ao risco do que com o dólar. “Existia a visão de que com essa política econômica o dólar sempre iria cair e o real sempre subir. Muitos não acreditaram quando eu dizia para ter cuidado com essa visão e tiveram prejuízos monumentais no ano passado. Hoje, todos estão mais cautelosos e não vemos mais apostas agressivas. O Brasil agora pertence a um grupo diferente e não há movimentos unidirecionais. Temos que olhar a questão por um prazo mais longo e ver até que ponto determinados movimentos são sustentáveis”, explicou.
MAIS FORTE. Para Meirelles, o Brasil sai da crise com maior força e menor custo fiscal e, portanto, com mais condições de crescer sem desequilíbrios. Ele tambpem disse que o Brasil entrou na crise com déficit fiscal maior do que a média dos países do G-20 e sai desse processo com déficit fiscal menor que a média.
“O Brasil sai dessa crise em condições de crescimento sustentável. Existe apenas um condicionante para isso: que se mantenha a responsabilidade cambial, monetária e fiscal”, avaliou. Felizmente, tinha recursos para isso”, disse. Segundo ele, o País entrou na crise com US$ 205 bilhões em reservas internacionais e no dia 24 de setembro já tinha US$ 223,6 bilhões.
Participaram do evento, comandado pelo empresário João Doria Junior, os presidentes da Care Plus, Roberto Laganá Pinto; da Embratel Empresas, Maurício Vergani; da Lazam-MDS, Eduardo Bom Angelo; da Couromoda, Francisco Santos; da Brasilprev, Tarcisio Godoy; da Oracle, Cyro Diehl; da Record, Alexandre Raposo;, do Lidem, Silvia Coutinho; da Amil, Edson de Godoy Bueno; do Grupo Editorial Sinos, Mário Gusmão; da Avaya, Cleber Pereira de Moraes; da Spin Doctors, Aluizio Falcão; da Estrela, Carlos Tilkian; e da Everis, Rodrigo Gonsales, além do diretor geral da Accor Hospitality, Roland de Bonadona.