O grupo formado por Brasil, Rússia, Índia e China (Bric) avisou sexta-feira que planeja dobrar suas cotas gerais do Fundo Monetário Internacional (FMI), prometendo injetar no organismo financeiro multilateral US$ 80 bilhões em recursos novos. Em comunicado dos seus ministros de finanças anunciado após o encontro em Londres, paralelo à reunião com representantes das 20 maiores economias do planeta (G20), o Bric propôs o incremento da posição na próxima revisão de cotas. Os quatro países também apontaram no texto que o pior da crise global pode ter ficado para trás, mas ainda é muito cedo para declarar o fim dela. Para o Bric, o G20 deve continuar implementando políticas anticíclicas “de maneira coordenada”.
“Apesar dos sinais positivos, é muito cedo para declarar vitória na economia mundial”, disseram os ministros das finanças do Brasil, Rússia, Índia e China, segundo o comunicado divulgado após encontro das autoridades dos respectivos países. “O protecionismo continua a ser uma ameaça real à economia global”, diz o documento preliminar. O ministro de Finanças da Rússia, Alexei Kudrin, disse que ainda existe a necessidade de reformar o sistema global de moedas de reservas, em alternativa ao dólar, mas essa é uma questão que provavelmente não será resolvida dentro dos próximos cinco ou dez anos. “Moeda de reserva é assunto para o longo prazo”, disse.
A Rússia e algumas outras grandes economias em desenvolvimento estão insatisfeitas com o atual sistema internacional de moedas, no qual as reservas estrangeiras estão em grande parte denominadas em dólares, que também serve como a unidade dominante de contabilidade no comércio global. Isso deixa as economias à mercê dos formadores de política dos Estados Unidos, cujas ações podem afetar o valor das reservas, das importações e das exportações. Os países do Bric defendem uma participação maior dos países em desenvolvimento nas duas principais instituições financeiras internacionais, o FMI e o Banco Mundial (Bird). “Isso faria com que a participação geral dos mercados emergentes no FMI e no Bird correspondesse à sua participação no PIB mundial”, afirma o comunicado.
OTIMISMO. O FMI revisou para cima sua previsão para a economia global em 2009 e 2010. Espera agora uma contração mundial de 1,3% este ano, ante previsão anterior de queda de 1,4 %. A estimativa para o ano que vem foi revista para crescimento de 2,9%, acima do cenário anterior de alta de 2,5%. O documento também apontou revisões para cima nas previsões para 2010 de EUA, eurozona, Alemanha e Grã-Bretanha e estabilidade para o Japão.