Foi adiada pela terceira vez a instalação da Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) da Petrobras. O senador Paulo Duque (PMDB-RJ), responsável por dirigir a reunião por ser o parlamentar mais idoso do colegiado, apontou falta de quorum, mas franqueou a palavra aos demais parlamentares presentes, todos da oposição.
Compareceram à reunião desta quarta-feira (10) os senadores Alvaro Dias (PSDB-PR), Sérgio Guerra (PSDB-PE) e Antonio Carlos Junior (DEM-BA), titulares da comissão, e o suplente Heráclito Fortes (DEM-PI). Também estavam presentes os senadores Romeu Tuma (PTB-SP) e José Agripino (DEM-RN), que não são membros do colegiado.
O senador Alvaro Dias afirmou ter esperança de que na próxima semana a comissão seja instalada. Caso isso não aconteça, prometeu tomar as medidas cabíveis, podendo ir até ao Supremo Tribunal Federal como forma de preservar um direito da minoria, a instalação da CPI.
Ele lamentou que o governo esteja “usando pretextos” – a nomeação de Arthur Virgílio para o cargo de relator da CPI das ONGs – para não dar quorum às reuniões e assim adiar a instalação da CPI da Petrobras. Alvaro Dias sinalizou que seria possível a oposição pensar em abrir mão da relatoria da CPI das ONGs.
O senador Arthur Virgílio convocou a bancada oposicionista, incluindo os líderes do PSDB da Câmara dos Deputados, para discutir a situação em um almoço às 13h da próxima terça-feira (16). Virgílio pediu que nenhum senador tome qualquer atitude individual enquanto isso e que todos pensem em conjunto para encontrar uma solução que seja melhor, estrategicamente, para a oposição.
– Devemos cobrar que as duas CPIs andem direito – defendeu Virgílio.
O senador Sérgio Guerra afirmou que no governo atual, a interferência política na Petrobras cresceu e se tornou uma prática banalizada, especialmente em setores com grandes orçamentos.
– Essa briga pela relatoria da CPI é conversa para boi dormir. Não há razão para não instalar a CPI a não ser o medo que o governo tem da investigação – acredita.
O senador José Agripino também sinalizou a possibilidade de que a oposição recue em relação a relatoria da CPI das ONGs. Em Plenário, o senador afirmou que um acordo para que o DEM ficasse com a presidência da CPI da Petrobras estava em andamento até que o Palácio do Planalto interferisse nas negociações. O senador argumentou, porém, que o DEM e o PSDB, sendo fraternos, podem entrar em entendimento para que “não haja pretexto de espécie alguma para que a CPI da Petrobras não se instale”.
O senador Antonio Carlos Junior (DEM-BA) afirmou que o boicote do governo não vai esmorecer a oposição.
– Vamos trabalhar, buscar dados, investigar, mostrar o que existe e por que esse medo da base governista em instalar a CPI da Petrobras – disse.