O presidente do PSDB, senador Sérgio Guerra (PE), disse ontem que a queda de 3,6% do Produto Interno Bruto (PIB) no último trimestre de 2008, somado aos índices projetados para o primeiro trimestre de 2009, mostram que o Brasil está “rigorosamente em recessão técnica( dois trimestres consecutivos de PIB negativo)”. Os tucanos acham que o governo está subestimando a crise financeira e sugerem que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva crie um “gabinete de crise” para enfrentar o problema, assim como fez o então presidente Fernando Henrique Cardoso na época do apagão energético em seu governo.
Ontem, após a divulgação dos dados do último trimestre de 2008, pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), oposicionistas e governistas, mesmo divergindo no diagnóstico, sugeriram o mesmo remédio: redução da taxa de juros pelo Copom, na reunião de hoje. “Está faltando energia, decisão, comando. Não adianta o presidente da República dizer que os bancos estão cobrando ‘spread’ (a diferença entre a taxa de captação e de aplicação) muito alto. Ele tem força para isto. O Banco Central é dele, ele é quem nomeia o presidente. Não adianta o presidente dizer que as taxas de juros são altas. Cabe a ele baixá-las. O Banco Central aqui não é independente. Esperamos que amanhã (hoje) a redução seja substantiva e forte”, disse Guerra.
O líder do PT no Senado, Aloizio Mercadante (SP), concorda com a necessidade de redução dos juros. “A política monetária está atrasada. Tenho certeza de esse cenário vai sensibilizar o Copom e amanhã (hoje) teremos uma boa notícia”, afirmou. Segundo ele, a vantagem do Brasil em relação a outros países é exatamente ter uma boa margem de redução dos juros. “O resto do mundo já reduziu. E ainda temos esse instrumento, temos espaço para reduzir os juros.”
Segundo o presidente do PSDB, o governo não pode enfrentar a crise com discursos do presidente, “por mais que ele seja excelente comunicador e líder de ampla aprovação”. Para Guerra, é necessário que sejam tomadas, com urgência, medidas para combater o desemprego e estimular a produção. “Verdadeiras medidas e não anúncios de obra que nem começou, não a fantasia de Programa de Aceleração do Crescimento (PAC), que é um engodo”, disse.
Segundo Guerra, o presidente, até hoje, em relação à crise, “só fez política, discurso para manter seu grau de aprovação popular”. Para os tucanos, o governo vem reagindo à crise com “anúncios que parecem ser factóides”, como a construção de um milhão de casas populares, “sem fonte, planejamento, organização e estruturação”, e o PAC – “uma comemoração sobre fatos não realizados”.
Mercadante rebateu a afirmação de Guerra sobre a recessão técnica em que o país estaria. Para ele, há vários indicadores mostrando que a situação vai melhorar no país em março. Citou como exemplo o crescimento na venda de veículos. Quanto à redução do PIB do último trimestre de 2008, ele lembra que aquele período foi o “auge da crise”. O senador Fernando Collor (PTB-AL) também fez discurso sobre o assunto. Para ele, a crise está longe de acabar e, para enfrentá-la, é preciso “agir com firmeza, rapidez e planejamento”.