A Comissão de Valores Mobiliários dos Estados Unidos, SEC na sigla em inglês, acusou ontem Robert Allen Stanford, principal executivo do Stanford Financial Group, de conduzir \”fraude maciça\” na venda de cerca de US$ 8 bilhões em certificados de depósito (CDs) de alto rendimento mantidos no banco da companhia em Antígua. Também citados no processo estavam dois outros executivos e alguns afiliados da instituição financeira.
Na reclamação, registrada no tribunal federal de Dallas, a SEC acusou Stanford e dois associados – James M. Davis, diretor financeiro do Stanford Group e afiliado do banco que tem sede em Antígua, e Laura Pendergest-Holt, diretora de investimentos de ambas as organizações – de descrever de forma enganosa a segurança e liquidez dos CDs sem garantia.
Os CDs foram vendidos pelo Stanford International Bank por meio da corretora-concessionária registrada e pelo conselheiro de investimentos da empresa, que estão em Houston. Tanto o banco, que reivindica US$ 8,5 bilhões em ativos e 30 mil clientes em 131 países, e a unidade de corretagem, que opera cerca de 30 escritórios nos Estados Unidos, foram citados no processo da SEC. A Stanford Financial afirma que ela dá consulta em relação a cerca de US$ 50 bilhões em ativos.
Na manhã de ontem, cerca de 40 policias e outros oficiais entraram simultaneamente nos dois prédios ocupados pelo Stanford Group em Houston.
Muitos dos oficiais carregavam grandes pastas pretas.
Eles penduraram duas placas brancas afirmando que os escritórios estavam temporariamente fechados. \”A companhia ainda está em operação mas sob a administração de um liquidante.\”
Na sua reclamação, a SEC disse que não poderia responder pelos US$ 8 bilhões em ativos que foram guardados no banco em Antígua depois de expedir intimações judiciais pedindo registros bancários e a várias testemunhas. A maioria das testemunhas, incluindo Stanford, Davis e o presidente do banco, não apareceram para testemunhar e não mostraram documentos que lanças-sem luz em relação aos ativos. Pendergest-Holt disse em testemunho à SEC que não poderia responder pelos ativos, afirmando que Stanford e Davis eram as únicas pessoas com acesso aos ativos dos bancos.
Na reclamação, a SEC chamou de \”improvável, senão impossível\” as alegações do banco \”offshore\” de que havia pago retornos \”significativamente\” mais altos sobre os seus CDs devido à alta qualidade de seus investimentos.
A SEC acusou o banco e seus afiliados de fazer afirmações falsas ao comercializar materiais, dizendo de que os fundos dos clientes eram colocados em instrumentos financeiros líquidos, quando na verdade, e eles eram investidos em fundos de private equity e no mercado imobiliário. No dia 28 de novembro, o Stanford International Bank informou uma taxa de 5,375% sobre um CD de três anos, em comparação com taxas de menos de 3,2% nos bancos americanos. O banco recentemente ofereceu taxas de 10% sobre os CDs de cinco anos, conforme o protocolo.
Na reclamação, a SEC pediu que os ativos dos réus fossem congelados e que um liquidante fosse apontado para assumir o controle das operações. Também foi pedido que os ativos do banco e outras unidades \”offshore\” fossem repatriadas. A agência pediu que Stanford e outros executivos citados entregassem seus passaportes. A SEC foi muito criticada pelo Congresso e pela mídia por ignorar repetidos avisos durante anos sobre Bernard L. Madoff, que é acusado de administrar o esquema Ponzi de U$ 50 bilhões.