As agências de turismo estão fazendo fila no Banco Central para tentar conseguir autorização para se tornar uma corretora de câmbio. Desde meados do ano passado, foram feitos 35 pedidos para a constituição de novas corretoras nos Estados de São Paulo, Rio de Janeiro, Minas Gerais, Rio Grande do Sul, Paraná, Amazonas, Pernambuco e Santa Catarina, estima Luciano Hayata, presidente da Abracam (Associação Brasileira das Corretoras de Câmbio). \”Foram 11 pedidos somente em janeiro deste ano\”, informa. Hoje, há um total de 47 corretoras e distribuidoras de títulos e valores mobiliários autorizadas a operar com câmbio. Desse universo, 23 são corretoras especializadas em câmbio.
O interesse todo tem uma explicação: as 248 agências de turismo que há anos eram autorizadas a operar no mercado de câmbio deixarão de ser até o final deste ano. Se quiserem continuar no negócio, terão de se tornar corretora de câmbio (o que exige um capital mínimo e inúmeros controles internos e externos, inclusive do Banco Central) ou contratar um convênio com uma instituição financeira autorizada a operar câmbio, um total de 127 se incluídos os bancos. Hotéis e pousadas poderão fazer os mesmos convênios e atuar no câmbio turismo
O maior controle sobre as agências de turismo é uma forma de o BC tentar reduzir as práticas de lavagem de dinheiro e evasão de divisas. Afinal, desde a Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) do Banestado, no final dos anos 90, muitos doleiros donos de agências de turismo ficaram famosos por suas práticas ilegais e pela delação de personalidades, inclusive políticos, empresários e banqueiros.
Hayata acredita que os investimentos totais na abertura das novas corretoras deverão ultrapassar R$ 13 milhões, considerando-se que o capital mínimo necessário para a constituição desse tipo de empresa varia de R$ 245 mil até R$ 1,3 milhões, dependendo do Estado. Hayata informa que até agora não tomou conhecimento de nenhum convênio entre as corretoras e as agências de turismo. \”Todas as responsabilidades sobre as práticas da agência de turismo parceira recaem sobre a corretora e por isso muita cautela é necessária.\”
Ele lembra que, para se adaptar às regras do acordo de Basiléia 2, as corretoras tiveram de mudar seus modelos de controle de risco operacional, de risco de mercado, ouvidoria e realizar inúmeros ajustes de controles internos determinados pelo BC. \”As corretoras sempre precisam checar com o cliente a origem do seu dinheiro\”, diz.