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18 de abril de 2024Apesar dos déficits registrados em janeiro tanto pela balança comercial quanto pelo fluxo cambial, o mercado de câmbio brasileiro mostra um comportamento desprovido de emoção. A moeda segue o que acontece nas maiores praças cambiais do mundo, enquanto o BC rola burocraticamente os instrumentos utilizados no ano passado para bloquear o \”overshooting\”. Ontem, o dólar caiu 0,56%, cotado a R$ 2,3080. Comparativamente ao preço do final de 2008, de R$ 2,3340, houve queda de 1,29%. Mesmo que alguém maldoso pegue as pontas extremas do ano – os R$ 2,18 do dia 6 e os R$ 2,3720 do dia 20 de janeiro -, não se trata de uma volatilidade capaz de abalar um Banco Central sentado em reservas de US$ 200 bilhões. Por que tanta modorrência no mercado de câmbio brasileiro num momento em que outros segmentos se exasperam com a desidiosa tranquilidade exibida pelo governo Obama nesse seu primeiro mês de governo? A razão pode ser que os especuladores estão ocupados em desfechar um ataque especulativo contra o rublo, mais especificamente contra uma arcaica banda de flutuação imposta pelo governo à moeda russa.
Os especuladores adoram alvos. No Brasil não há nenhum. O BC se esmera na tarefa de evitar que se coloque informalmente algum objetivo de alta ou de baixa. Não há o que atacar porque não há o que defender. De tanto o BC repetir que só tem meta de inflação, e não de câmbio, e de tanto atuar apenas para assegurar a liquidez do interbancário, o mercado acreditou. Mesmo os especuladores dedicados a puxar para cima os preços do mercado futuro se mostram pouco entusiasmados. As posições \”compradas\”, embora elevadas, oscilam pacatamente entre US$ 12 e 13 bilhões desde o início de 2009. Além do câmbio ser efetivamente flutuante desde 1999 – o tipo de flutuação suja que vigora na maior parte dos países globalizados – o juro real brasileiro ainda se mantém muito atrativo, apesar de sua rápida queda. O desejo do BC parece ser um juro real de 6%, diferença entre a Selic de 10,75% sinalizada pelo Copom na última ata e o centro da meta de inflação de 4,5%. Esses 5,98% ainda seduzem comparativamente à taxa zero americana. Ou seja, no Brasil a especulação mais vantajosa é ainda à favor do real, não contra. Mas, para isso, será necessário que se restabeleçam as trilhas naturais do crédito. No mundo atual, não há produção nem especulação sem crédito. É por isso que muitos analistas não consideram a derrubada do rublo um ataque especulativo sério e para valer. Se for é porque o crédito voltou a fluir pelos hedge funds. Se isto está acontecendo, é porque a crise acabou.
Um dos maiores especialistas em mercados de derivativos cambiais do país, o diretor da NGO Câmbio Sidnei Nehme, mantém a clara percepção de que o capital estrangeiro não está hoje confortável na posição \”comprada\” em dólar. Para o corretor, só não zeram tais posições e realizam o lucro porque, se tão-somente \”insinuarem\” esse movimento, a taxa da moeda americana sofrerá forte e rápida queda, consumindo desta forma parte dos lucros até então acumulados nas suas posições. \”O corner em que se encontram é o de reverter já e perder, ou esperar, o que pode representar opção pior ainda\”, diz o economista.
Desvinculado do câmbio, o mercado monetário dedica-se a reprojetar juro e crescimento depois que a produção industrial registrou queda de quase 20% no acumulado dos três últimos meses de 2008. O economista-chefe da Way Investimentos, Alexandre Espirito Santo, rodou de novo os seus modelos e revisou para baixo o PIB (de 1,4% para 0,6%), o IPCA (de 4,3% para 3,9%) e a Selic de fim de ano (de 11% para 10,25%). Só não reduz ainda mais a estimativa de Selic porque acredita que o BC não irá concordar com um juro real muito abaixo de 6%.
Já o economista-chefe da Gradual Investimentos, Pedro Paulo B. da Silveira, acredita que o BC, depois da derrocada industrial, não terá outra opção a não ser agir de forma mais agressiva. Seu prognóstico é de ampliação da velocidade de queda da taxa já no Copom de 11 de março. Prevê um corte de 1,5 ponto. E em abril o Comitê repetiria a dose. A Selic cairia abaixo de 10% já no primeiro quadrimestre do ano. Pelo seus cálculos, o PIB do quarto trimestre de 2008 pode ter encolhido 2,2%. E para 2009? A visão é de uma retração de 0,22%. Nesse exato instante o Brasil já estaria em recessão técnica, já que para este trimestre Silveira projeta queda de 0,8% do produto. \”Ficaremos o ano inteiro correndo atrás do prejuízo do fatídico quarto trimestre\”, diz. O BC não pode ficar passivo, torcendo para que Obama faça a sua parte e recupere, de alguma forma, o crédito global. Tem se agir sem esperar nada dos EUA.