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18 de abril de 2024A Venezuela espera que o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva possa liderar uma comissão internacional de mediação para buscar a paz na Líbia, afirmou ontem uma fonte do governo de Caracas à agência Reuters. Mas a fonte disse que os planos de incluir Lula na proposta de mediação do presidente da Venezuela, Hugo Chávez, estavam em um estágio muito “preliminar”.
Chávez propôs nesta semana um plano para uma solução negociada para a insurreição na Líbia, incluindo o envio de uma comissão internacional para mediar a crise. Segundo um porta-voz do governo venezuelano, o líder líbio, Muamar Kadafi, aceitou a proposta do aliado para uma mediação internacional que encerre a crise no país norte-africano.
Notícias de que a Liga Árabe estaria avaliando seriamente a proposta de Chávez contribuíram para uma queda no preço do petróleo – chegou a cair US$ 3 por barril -, após vários dias sucessivos de alta por causa da preocupação com o suprimento líbio. A exemplo de Kadafi, Chávez considera-se um revolucionário anti-imperialista e já o visitou seis vezes na Líbia. Analistas veem com ceticismo a possibilidade de Chávez conseguir promover o fim dos combates na Líbia, onde Kadafi parece cada vez mais cercado por uma rebelião popular e militar contra seu regime, que já dura 42 anos.
O ministro venezuelano da Informação, Andrés Izarra, disse que o chanceler Nicolás Maduro falou ontem com o seu homólogo líbio, que teria confirmado a disposição de Kadafi em aceitar a presença de uma comissão internacional que negocie com as partes em conflito. Izarra acrescentou que a Liga Árabe também demonstrou interesse na proposta.
Ainda não há data prevista para a missão, pois “tudo está em um estágio muito preliminar, com negociações muito delicadas e instáveis”, disse uma fonte do governo venezuelano.
Chávez tem dito que os Estados Unidos estão exagerando os relatos sobre a situação na Líbia, a fim de justificar uma invasão do país, 12.º maior produtor mundial de petróleo. A Venezuela tem sido amplamente citada como um destino possível para Kadafi se ele abandonar seu país. O dirigente árabe visitou o país sul-americano em 2009.
Mais cedo, o presidente do Conselho Nacional instituído pelos rebeldes líbios rejeitou a ideia de negociar com Kadafi. O chefe da Liga Árabe, Amr Moussa, disse à Reuters que o plano de Chávez só foi considerado e cabe à Venezuela dar mais detalhes sobre sua substância.
Em Londres, Saif al-Islam, filho de Kadafi, disse que não é necessário qualquer envolvimento internacional na mediação da crise na Líbia. Saif afirmou em entrevista ao canal Sky News que não estava ciente da oferta feita pelo presidente venezuelano, Hugo Chávez, mas acrescentou: “Temos de dizer obrigado, mas somos o suficiente capazes para resolver nossos problemas. Não há necessidade de qualquer intervenção internacional.”
“Os venezuelanos são nossos amigos, os respeitamos, gostamos deles, mas estão muito longe. Eles não têm ideia sobre a Líbia. A Líbia está no Oriente Médio e Norte da África. A Venezuela está na América Central”, afirmou ele, erroneamente referindo-se ao país da América do Sul.
Os EUA rejeitaram ontem a proposta de mediação de Chávez e destacou que Kadafi não precisa que lhe digam o que tem de fazer. Mas o porta-voz do Departamento de Estado, Philip Crowley, insistiu que Kadafi deve deixar o poder. “Não é necessário que uma comissão internacional diga a Kadafi o que ele tem de fazer pelo bem de seu país e a segurança de seu povo”, disse.