As autoridades brasileiras precisarão administrar com cuidado os fluxos de capital estrangeiro que voltaram a entrar no país com a recuperação dos mercados internacionais para evitar uma valorização excessiva do real e outros efeitos indesejáveis, alertou o Fundo Monetário Internacional (FMI). “O Brasil vai atiçar o apetite dos mercados de capitais por causa da solidez da sua economia”, disse ontem o diretor do departamento do Fundo que monitora a América Latina, Nicolas Eyzaguirre. “O problema do Brasil é como administrar a abundância.”
Projeções divulgadas no fim de semana pelo Instituto de Finanças Internacionais (IIF), associação que representa os maiores bancos do mundo, indicam que os fluxos de capital externo privado para países emergentes aumentarão bastante no próximo ano, embora ainda estejam longe de alcançar os níveis observados antes da crise.
Segundo o IIF, o Brasil deverá receber US$ 64 bilhões em investimentos no ano que vem, dos quais US$ 30 bilhões para ações e outros títulos no mercado de capitais. O fluxo para países emergentes deverá atingir US$ 672 bilhões, quase o dobro do total previsto para este ano.
O FMI recomendou que o Brasil comece a desativar as medidas de estímulo fiscal que pôs em prática no auge da crise se a recuperação da economia mundial ganhar consistência nos próximos meses. “Se a demanda privada voltar, o país poderia começar a pensar em ser um pouco menos ativo em termos de política fiscal”, disse Eyzaguirre.
Grandes bancos internacionais que sofreram enormes prejuízos com a crise devem continuar mantendo distância dos mercados emergentes. As projeções do IIF indicam que o volume de empréstimos de bancos estrangeiros para os países emergentes no próximo ano será equivalente a um décimo do volume observado em 2007, quando a crise começou.