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1 de outubro de 2009O suíço UBS vendeu o Pactual de volta ao banqueiro André Esteves mas não perdeu o interesse em atuar no mercado brasileiro. Depois de meses sondando possibilidades, uma decisão foi tomada: o UBS quer ter uma corretora, atuar no mercado de ações e de banco de investimento no Brasil. Ao menos, é isso que executivos do banco têm informado em visitas a outras instituições financeiras do país.
Muito se especula a respeito de quais corretoras e bancos pequenos ou médios os suíços poderiam comprar para conseguir mais rapidamente uma licença de banco múltiplo. Há os que acreditam que eles começarão do zero, obtendo uma licença direto no Banco Central. Maior banco em gestão de fortunas do mundo, o UBS não pretende atuar no mercado interno brasileiro nessa área, segundo tem informado a outros bancos. Procurado, o UBS informou, por meio de seu porta-voz Doug Morris, que não iria comentar os “possíveis futuros planos para o Brasil”.
O suíços chegaram a estudar uma atuação na área de private banking, com um escritório de representação. Mas a ideia não foi adiante, dada a desconfiança crescente do Banco Central com os escritórios de bancos estrangeiros após processos na Justiça por lavagem de dinheiro e evasão fiscal envolvendo diversos deles.
Há alguns meses, o UBS chegou a sondar o presidente do Bank of America Merrill Lynch no Brasil, Alexandre Bettamio para dirigir suas operações locais. O executivo estava à frente do UBS no país até a compra do Pactual e deixou o banco, depois de 12 anos de casa, no início de 2008 a convite da Merrill Lynch. Segundo o “The Wall Street Journal”, teria recebido US$ 7 milhões em bônus garantidos, muito criticados durante a crise. Por enquanto, o UBS não contratou nenhum profissional no Brasil. Com o mercado ativo de novo, a guerra de talentos está de volta.
O movimento dos suíços pode parecer contraditório, mas não é. Como lembra o presidente de um banco estrangeiro, foi o novo diretor-presidente do UBS, o alemão Oswald Grübel , vindo do rival Credit Suisse, que decidiu pela venda do Pactual, logo após assumir o cargo em fevereiro. Afinal, havia interessados na compra e seria uma forma de fazer dinheiro rapidamente. A unidade já era segregada do resto do grupo, havia duas culturas em choque (a dos suíços e a dos brasileiros do Pactual) e seu preço era avaliado há tempos.
Às voltas com prejuízos de quase US$ 2 bilhões no primeiro semestre e após inúmeros socorros governamentais, Grübel precisava sinalizar aos acionistas uma mudança radical de estratégia. Disse que iria cortar custos e levantar caixa rapidamente de forma a trazer os lucros de volta. Ainda em meados de abril, o executivo anunciou na assembleia geral ordinária do UBS , em Zurique, que, além de cortar funcionários e custos, o banco planejava reduzir a área de banco de investimento, eliminando completamente algumas atividades não especificadas.
Logo depois, no final de abril, a venda do Pactual para Esteves foi anunciada. Com isso, Grübel recebeu aproximadamente US$ 2,5 bilhões de imediato, em dinheiro novo e abatimento de dívidas com os sócios brasileiros assumidas por Esteves – parte pequena disso financiado pelo próprio UBS. Há cerca de três anos, quando o mercado de crédito internacional crescia, antes de ser atingido pela crise das hipotecas de alto risco, o banco suíço havia comprado o banco de investimentos brasileiro por US$ 3,1 bilhões, num cenário em que os grandes bancos globais não paravam de expandir suas fronteiras e tomar novos riscos.
Como o UBS estava com a corda no pescoço, revendeu seu ativo por um preço baixo. Mas foi essa política agressiva de Grübel, aliada à melhoria geral no mercado internacional, que permitiu que as ações do banco passassem dos US$ 7,40 que chegaram a atingir no dia 9 de março para US$ 18,52 ontem, alta de 150% no período.
O UBS reduziu, mas manteve seu banco de investimento ativo. Os suíços sabem que um banco de investimento internacional não existe, hoje, sem um pé no Brasil. Essa presença pode ser menor do que era antes, mas é necessária, dado o interesse crescente dos estrangeiros em investir no país. E a fatia crescente do Brasil no mercado internacional de ações, fusões aquisições e bônus externos.
