STJ decide se vale intimação de advogado morto
23 de março de 2009Bens de Madoff
25 de março de 2009Barack Obama não baseou sua campanha no salvamento de uma economia em colapso. Mas foi para isso que acabou sendo eleito: ele disparou claramente à frente de seu adversário quando a escala da crise tornou-se evidente. O que estava em jogo ontem, na apresentação do plano de salvamento para os bancos americanos, portanto, não foi só a autoridade do secretário do Tesouro, Tim Geithner, mas do governo como um todo, e com isso a capacidade de Obama de conseguir a aprovação da sua ambiciosa agenda de reformas.
Geithner tem de superar a má vontade pré-existente no Congresso decorrente do inepto encaminhamento, por seu antecessor, do Tarp originalmente solicitado. Além disso, a paranoia do governo quanto a ser tachado de socialista induziu-o a fazer todo o possível para evitar assumir o controle de bancos moribundos ou pedir mais dinheiro para socorrê-los.
Em vez disso, Geithner parece absolutamente determinado a deixar os mercados resolverem o problema, mesmo que isso custe muito caro aos contribuintes. Com efeito, o paradoxo no cerne deste plano ostensivamente inteligente e complexo é, sem dúvida, sua dependência de subsídios a investidores privados.
O Tesouro combinará capital privado com dinheiro restante do Tarp para capitalizar fundos visando a compra de ativos de bancos – tanto títulos como empréstimos convencionais que “azedaram” devido ao aprofundamento da recessão. Os fundos serão então alavancados com empréstimos federais ou garantias de empréstimos.
Geithner pretende deixar que os mercados estabeleçam os preços dos ativos que agora são um encargo incômodo nos balanços do bancos. Seu plano assume que compradores e vendedores chegarão a um consenso em torno de um preço, se o governo estiver disposto a disponibilizar um volume suficiente de subsídios. Mas isso se baseia na premissa de que os ativos não estão, hoje , sendo negociados principalmente por causa de falta de liquidez.
Se, em vez disso, os fluxos de caixa subjacentes aos ativos – tais como o pagamento das prestações de financiamentos habitacionais subprime – deterioraram-se muito, sua venda a valores justos de longo prazo cristalizaria grandes prejuízos. Os bancos evitarão isso a menos que sejam obrigados a vendê-los, não importa quão líquido esteja o mercado. O êxito do plano depende, portanto, do teste de estresse – apenas vagamente definido – aos quais os bancos deverão submeter-se.
Ninguém sabe se o mau funcionamento do mercado se deve mais a prejuízos no longo prazo ou riscos de liquidez de curto prazo. A virtude deste plano é que ele deverá nos ajudar a descobrir a resposta. Mas essa é uma aposta que poderá dar errado de duas maneiras. Mesmo com subsídios, muito poucos negócios poderão ser realizados, deixando os ativos nas mãos dos bancos. E se investidores privados efetivamente assumirem o risco subsidiado, os ativos ainda poderão causar grandes prejuízos que o Congresso terá de cobrir.
Qualquer dos dois insucessos poderá minar ainda mais a autoridade do governo. O plano talvez funcione. Do contrário, muito mais do que o sistema bancário americano ficará em risco.
