Global climate talks may go to last minute
15 de outubro de 2009Governo taxa capital externo a partir de hoje
20 de outubro de 2009A principal preocupação do empresariado brasileiro para o próximo ano é com a carga tributária. Levantamento feito pela Câmara Americana de Comércio (Amcham) com o Ibope junto a mais de 500 empresários de companhias de todos os setores e portes do país mostra que 74% citam essa questão como um tema preocupante para 2010.
O segundo item mais citado, por 57% dos entrevistados, tem a ver com o arcabouço legal do país, com a legislação e com a regulação dos setores da economia. Embora 81% dos empresários apostem em alta do PIB no ano que vem, metade dos consultados coloca o risco de desaceleração econômica como terceira maior razão para se preocupar em 2010.
Dada a dinâmica distinta da recuperação em países desenvolvidos, muitos economistas e analistas ainda não descartam completamente a possibilidade de uma recidiva da crise internacional, o que devolveria incertezas também para a economia local. Isso explica o fato de a quarta maior preocupação para o ano que vem estar relacionada com uma eventual recessão nos EUA.
Quando questionados sobre entraves para o desenvolvimento dos negócios, os empresários voltaram a mencionar a carga tributária como fato de maior peso em uma escala de 0 a 100, classificando a variável em uma média de 24,5.
” O problema não é a carga tributária e sim o sistema tributário, que gera baixo retorno à sociedade e onera a produção ” , diz Paulo Godoy, presidente da Associação Brasileira das Indústrias de Infraestrutura e de Base (Abdib), que esteve presente à divulgação da pesquisa.
A queixa sobre impostos é antiga, mas chama atenção que as preocupações com educação e qualificação de mão-de-obra apareça como segundo grande entrave para os empresários, com peso de 22,6. Em uma base selecionada de respondentes da pesquisa ligados ao setor de Recursos Humanos (RH), 46% afirmaram que suas empresas serão afetadas pelo ” apagão de talentos ” em áreas técnicas e 37% deles planeja investir expressivamente em treinamentos de especialização.
Ilustra essa situação a necessidade, segundo Godoy, de o país capacitar cerca de 200 mil técnicos até 2014 para fazer frente a projetos de energia, petróleo e infraestrutura necessários ao país. Ao serem questionados especialmente sobre se projetos de lei em trâmite no Congresso despertam cautela por terem efeito sobre seus negócios, 36% disseram que sim, 24% responderam não, mas a maioria (39%) não soube afirmar. Dentre os afetados por matérias que estão por ser votadas, 54% se mostraram especialmente interessados na reforma tributária e 23% deles mencionaram preocupação com a reforma trabalhista.
Curiosamente, o comportamento do câmbio não aparece na lista de entraves ou preocupações desses empresários. Ainda assim, alguns setores mais afetados continuam reclamando do efeito de um dólar barato para a competitividade no mercado internacional. Para o presidente da Abdib, a trajetória declinante da moeda americana no câmbio doméstico gera problemas e será preciso que o governo gere compensações setoriais. ” A melhor forma de minimizar esse efeito é segregar setores com maiores problemas e criar ações específicas para elevar a competitividade deles com desonerações ” , pondera.
