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17 de julho de 2020Técnicos do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe) escreveram em uma carta, no último dia 7 de julho, que existe uma \”estrutura paralela\” no órgão.
Segundo esses técnicos, a \”estrutura paralela\” criada \”incluiu a verticalização e unificação de comando aos moldes das estruturas militares\”.
O Ministério da Ciência e Tecnologia informou que comentará o assunto nesta terça (14), em uma entrevista coletiva na qual explicará a \”nova estrutura do Inpe\”.
\”Nos últimos dois meses, vivemos uma situação peculiar e única na história do Inpe. Existe uma estrutura administrativa oficial, a que está no regimento atual e válido, e uma estrutura paralela, que opera , governa e decide sobre o Inpe, mas que não existe na regulação administrativa. É importante ressaltar que essa estrutura paralela de gestão incluiu a verticalização e unificação de comando aos moldes das estruturas militares, claramente na contramão das tendências atuais de pesquisas em redes colaborativas com liberdade acadêmica e autonomia científica\”, escreveram os pesquisadores.
Segundo os autores da carta, o atual diretor interino do instituto, Darcton Damião, tem pedido aos servidores a apresentação de planos de trabalho para a instituição, podendo utilizar a \”estrutura paralela\” para \”promover a construção de seu plano de trabalho, documento que precisa ser apresentado ao Comitê de Busca\”.
\”Isso lhe proporciona clara vantagem sobre os outros postulantes [ao cargo de diretor], uma vez que utiliza informações institucionais fundamentais relativas à reestruturação da gestão técnico-científica ora em curso, que só ele possui e às quais não foi dado o direito de acesso a outros candidatos\”, afirmam os técnicos.
Mais cedo, nesta segunda-feira (13), o governo exonerou a coordenadora-geral de Observação da Terra do Inpe, Lubia Vinhas. O departamento é responsável pelo monitoramento da devastação da Amazônia.
A exoneração de Lubia Vinhas foi publicada três dias após o Inpe ter informado que a Amazônia registrou novo recorde nos alertas de desmatamento em junho.
Lubia afirmou à TV Globo que é servidora concursada do Inpe há 23 anos e, por isso, deve seguir no instituto, mesmo sem o cargo de gestão. Ela também afirmou não saber o motivo da exoneração e disse que ficou sabendo da mudança pelo \”Diário Oficial da União\”.
De acordo com o Inpe, Lubia será remanejada para outro cargo. Segundo o instituto, ela será \”chefe da Divisão de Projeto Estratégico, que tratará implementação da nova Base de Informações Georreferenciadas (\”BIG\”) do INPE, uma demanda do Ministro Pontes\”.
Procurado pelo G1 nesta segunda-feira (13), o Inpe informou, nesta terça (14), que a manifestação do instituto sobre a carta é a mesma divulgada após a exoneração da coordenadora-geral de Observação da Terra.
Na nota (leia a íntegra mais abaixo), o órgão afirma que seu processo de reestruturação tem como principal objetivo buscar sinergias e otimizar os recursos humanos e de infraestrutura para um funcionamento mais eficiente.
\”Nesse sentido, desde o início das conversas sobre a reestruturação, já estava prevista a relocação da Dra. Lubia Vinhas do cargo de Coordenadora-Geral da CGOBT para o cargo de Chefe da Divisão de Projeto Estratégico, que tratará implementação da nova Base de Informações Georreferenciadas (\”BIG\”) do INPE, uma demanda do Ministro Pontes. Esta, por sinal, é a área primária de formação e expertise da Dra. Lubia Vinhas\”, cita a nota.
O instituto afirmou ainda que as atividades associadas ao monitoramento do desmatamento da Amazônia, bem como as demais atividades operacionais, \”continuarão sendo realizadas e tendo como premissas os critérios técnicos e científicos de praxe\”.
Além disso, em 2019, o então diretor do Inpe, Ricardo Galvão, deixou o cargo após uma polêmica com o presidente Jair Bolsonaro.
Na ocasião, Bolsonaro criticou o Inpe por divulgar dados sobre desmatamento na Amazônia.
