A gigante dos hidrocarbonetos Royal Dutch Shell anunciou sua retirada de um projeto de campo de petróleo nas costas das ilhas Shetland da Escócia, onde tinha uma participação de 30%, decisão aplaudida pelos grupos ambientalistas.
Após uma \”revisão exaustiva\” do projeto Cambo, a Shell afirmou em um comunicado na quinta-feira à noite que chegou à conclusão de que \”o interesse econômico por investir neste projeto não é suficientemente sólido no momento\”.
O projeto, que aguarda o sinal verde do governo britânico, se tornou um campo de batalha para as ONGs ambientalistas, que pedem que seja abandonado. A Greenpeace organizou uma manifestação em Londres no início de outubro que resultou na detenção de vários ativistas.
O campo de Cambo contém o equivalente a mais de 800 milhões de barris de petróleo, dos quais 170 milhões deveriam ser extraídos na primeira fase do projeto e 70% é propriedade da Siccar Point Energy, apoiada pela empresa de capital privado americana Blackstone, e 30% pertence à Shell UK.
A decisão da Shell \”deve dar o golpe de misericórdia a Cambo\”, elogiou o Greenpeace em um comunicado, afirmando que o governo de Boris Johnson \”está cada vez mais sozinho em seu apoio ao campo\”.
A Oxfam também celebrou uma decisão \”positiva\” e pediu ao Executivo britânico que \”vete a produção de Cambo e outros campos de petróleo do Reino Unido\”.
O CEO da Siccar Point Energy, Jonathan Roger, se mostrou \”decepcionado\” com a decisão da Shell, mas afirmou que sua empresa \”continuará colaborando com o governo britânico e as partes interessadas no futuro desenvolvimento de Cambo\” e afirmou estar em negociações com seus sócios para \”explorar opções\”.
\”Uma transição abrupta, que reduza a produção de petróleo e gás do Reino Unido, colocaria em risco os empregos e tornaria o país dependente das importações\”, acrescentou a empresa em um comunicado
O Reino Unido, que deseja alcançar a neutralidade do carbono em 2050, pretende seguir explorando no momento o petróleo e o gás em seu território para depender menos dos hidrocarbonetos importados, que continuam representando 75% de sua combinação energética.