A prisão do líder do governo no Senado, o senador petista Delcídio Amaral, foi motivada por uma conversa interceptada pela Polícia Federal. Nela, Delcídio conversa com uma pessoa ligada a Nestor Cerveró, ex-diretor da Petrobras preso desde janeiro em Curitiba, no Paraná. O suposto interlocutor de Delcídio seria Bernardo Cerveró, filho de Nestor.
De acordo com o ministro do Supremo Tribunal Federal, Teori Zavascki, o senador petista ofereceu R$ 50 mil mensais a Nestor Cervero e uma rota de fuga, que começaria pelo Paraguai, em troca de não citá-lo em delação premiada.
O resultado dessa conversa levou o STF a autorizar a prisão preventiva do líder do governo e senador petista nesta quarta-feira. Senador chegou à sede da Polícia Federal, em Brasília, sem algemas. Também foi preso do banqueiro André Estves.
Esta é a primeira vez que um senador com mandato em exercício é preso. A prisão de Delcídio é resultado de uma operação deflagrada pela Polícia Federal, que também tem como alvo empresários. As ações foram autorizadas pelo Supremo. Não se trata de uma fase da Lava-Jato tocada em Curitiba, na 1ª instância.
O senador foi preso no hotel Golden Tulip, onde mora em Brasília, mesmo local onde nessa terça-feira (24) a PF prendeu o empresário José Carlos Bumlai, amigo do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva.
Delcídio foi citado na delação do lobista Fernando Baiano, apontado pela Lava-Jato como operador de propinas no esquema de corrupção instalado na Petrobras entre 2004 e 2014. Fernando Baiano disse que o senador teria recebido US$ 1,5 milhão em espécie na operação de compra da Refinaria de Pasadena, nos Estados Unidos.
Há informações ainda não oficiais que ministro Teori Zavascki convocou uma reunião extraordinária da Turma do STF dedicada à Lava-Jato para a manhã desta quarta-feira. A reunião da Corte será reservada – algo raro.
De acordo com fonte no tribunal, a sessão foi marcada pelo presidente da Turma, ministro Dias Toffoli, a pedido de Teori, relator dos casos relativos ao esquema de corrupção na Petrobras.