O senador Delcídio Amaral (PT-MS), líder do governo no Senado, foi preso na manhã desta quarta-feira (25/11). A prisão foi determinada pelo Supremo Tribunal Federal depois de o Ministério Público Federal dizer que ele estaria tentando atrapalhar as investigações da operação “lava jato”. Esta é a primeira vez que um senador é preso no exercício do cargo.
O STF também determinou a prisão de outras três pessoas: o banqueiro André Esteves, do BTG Pactual, o chefe do gabinete do senador e o advogado Edson Ribeiro, que defende o ex-diretor da Petrobras Nestor Cerveró.
De acordo com a jornalista Mônica Bergamo, do jornal Folha de S.Paulo, o senador teria tentado dificultar a delação do ex-diretor da Petrobras Nestor Cerveró, que o acusou de participar de um esquema de desvio de recursos envolvendo a compra da refinaria de Pasadena, nos EUA.
Cerveró foi até mesmo aconselhado a fugir em troca de ele não aderir ao acordo de colaboração com a Justiça, revelando as irregularidades da operação. A conversa foi registrada por um filho de Cerveró que entregou a gravação ao Ministério Público Federal.
É a primeira vez que um senador é preso no exercício do cargo, já que a Constituição Federal só permite a prisão de parlamentar em crime flagrante. No caso, a obstrução de investigação é considerada crime permanente, um dos poucos motivos que leva a corte a aceitar prisão preventiva de réu ainda sem julgamento.
A pedido do procurador-geral da República, Rodrigo Janot, o ministro Dias Toffoli, presidente da 2ª Turma do STF, convocou para a manhã desta quarta uma sessão extra da Turma, que é responsável pelos casos da “lava jato”. No encontro, ele deve discutir as prisões. A sessão está marcada para às 9h.
A compra de poços de petróleo na Nigéria pelo Banco BTG, de André Esteves, está na pauta do juiz Sergio Moro que analisa os processos da operação “lava jato” em primeira instância. A Petrobras teria vendido esses poços ao BTG por um valor abaixo do de mercado.
Além disso, o BTG sofre com suas empresas não financeiras. Sete Brasil, Brasil Pharma, Leader, Estre e Bravanti estão com sérias dificuldades de gestão e precisam de aportes de capital — algo como R$ 1 bilhão (sem Sete Brasil). Enquanto isso, o mercado externo segue fechado para novas captações de bônus externos. Para o ano que vem, o BTG tem encontro marcado com R$ 2,5 bilhões em vencimentos desses bônus.