A saída do PDT do governo Tarso Genro (PT) torna mais difícil a aprovação de projetos de interesse do Piratini daqui para a frente na Assembleia Legislativa. O petista deixa de ter a maioria.
Dono da terceira maior bancada, o partido decidiu, no sábado, ter candidatura própria e lançar o deputado federal Vieira da Cunha à sucessão de Tarso no ano que vem.
Com isso, a legenda vai entregar, a partir de hoje, os cerca de 200 cargos que ocupa na administração estadual. O secretário da Saúde, Ciro Simoni, que retorna à Assembleia no lugar de Décio Franzen, entrega hoje seu pedido de exoneração. Afonso Motta (Gabinete dos Prefeitos) e Kalil Sehbe (Secretaria do Esporte) devem esperar pela reunião com Tarso, que retorna da China na terça-feira.
Líder da bancada do PDT, Gerson Burmann diz que a sigla deverá adotar uma posição de independência, mantendo colaboração com o governo. A definição está prevista para amanhã:
— Muitas coisas foram construídas juntas nestes três anos. Então, temos que continuar jogando com lealdade.
O resultado da pré-convenção da legenda ocorre em um momento em que o Piratini tenta aprovar um pacote de 90 projetos, que tramitam em regime de urgência. Com a saída do PDT, o número de aliados de Tarso cai para 21. No início do mandato, a base era composta por 32 deputados.
Burmann admite que, agora, vai ficar mais difícil remover as resistências preexistentes em relação a algumas propostas (veja quadro ao lado). Depois de três semanas sem obter quórum para votação, o governo conseguiu aprovar, na terça-feira passada, uma única proposta da lista, autorizando o repasse de R$ 30 milhões do caixa do Estado para a Empresa Gaúcha de Rodovias (EGR). Estão previstas mais cinco sessões antes do recesso, que começa no dia 19.
Líder do governo, Valdeci Oliveira (PT) planeja iniciar uma série de reuniões para manter maioria e, assim, aprovar cerca de 60 dos 90 projetos. Ele também destaca como fundamental a aprovação do orçamento de 2014 e da Lei Estadual de Prevenção de Incêndio. Na sessão de amanhã, 15 propostas trancam a pauta.
— Vamos ter de triplicar a articulação para votar projetos importantes e mostrar que interessam ao Estado e não apenas ao Executivo.
Governo busca evitar rompimento
Da China, o governador Tarso Genro disse que a decisão do PDT já era esperada e não significa um rompimento. Ele planeja homenagear os três secretários da legenda.
— O fato de o PDT ter candidato próprio não afasta o partido do projeto que representamos. Os três secretários estavam totalmente integrados ao governo, respeitados e prestigiados. Eles reconhecem que o PDT, em uma coalizão, nunca tinha recebido o tratamento que recebe no nosso governo.
Para o chefe da Casa Civil, Carlos Pestana, a candidatura de Vieira da Cunha ao governo do Estado não compromete a aprovação dos projetos do governo na Assembleia. Ele acredita que, por terem participado da concepção das matérias, os líderes do PDT devem seguir votando com a base.
Pestana afirmou que a substituição dos secretários trabalhistas será imediata e que, em um segundo momento, também serão trocados os demais integrantes do primeiro escalão que pretendem concorrer. Os nomes dos substitutos ainda não estão definidos.
Vagas abertas
O PDT ocupa cerca de 200 cargos no governo. Entre eles, estão:
— Gabinete dos Prefeitos e Relações Federativas: Afonso Motta, secretário
— Secretaria da Saúde: Ciro Simoni, secretário
— Secretaria do Esporte e do Lazer: Kalil Sehbe, secretário
— Agência Gaúcha de Desenvolvimento e Promoção do Investimento (AGDI): Airton Dipp, diretor de Planejamento
— Banrisul: Flávio Lammel, vice-presidente
— Badesul: Pery Francisco Sperotto Coelho, vice-presidente
— CEEE: Gerson Carrion de Oliveira, presidente
— Corsan: Antonio Gomes, diretor técnico