A saída esta semana do secretário de Reformas Econômico-Fiscais do Ministério da Fazenda, Bernard Appy, do cargo abriu uma disputa nos bastidores pela presidência do Conselho de Administração do Banco do Brasil. Um dos conselhos de maior prestígio no grupo das empresas do governo federal, ao lado da Petrobras e do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), o conselho de administração do BB foi presidido por Appy desde o início do primeiro mandato do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, em 2003, quando o secretário ocupava o cargo de secretário-executivo do Ministério da Fazenda.
A preferência do ministro da Fazenda, Guido Mantega, segundo fontes, é colocar o secretário-executivo do ministério, Nelson Machado, na presidência do Conselho do BB. Machado já é presidente do Conselho de Administração da Caixa Econômica Federal. Com a sua ida também para o BB, Machado assumiria o conselho dos dois grandes bancos públicos do governo, considerados estratégicos para a política econômica depois da crise financeira internacional.
ENTRAVE. O maior entrave a essa escolha é o fato de o BB e a Caixa já terem atuações competitivas em alguns ramos. Isso poderia trazer problemas para o BB, que é um banco com ações em bolsa e acionistas privados. Até o governo do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso, a tradição era o secretário-executivo do Ministério da Fazenda ocupar as duas cadeiras. Mas o Banco Central teria feito uma alerta sobre regras de “compliance” (conjunto de disciplinas para fazer cumprir as normas legais e regulamentares, as políticas e as diretrizes estabelecidas para o negócio e para as atividades da instituição).
O argumento a favor da opção pelo secretário Nelson Machado é que o Ministério da Fazenda já traça as diretrizes para os dois bancos e, por isso, não faz diferença o fato de o secretário estar presente no conselho dos dois bancos. O trabalho de Machado no conselho da Caixa é bastante elogiado dentro da equipe econômica e do próprio banco. “Ele está fazendo um excelente trabalho na Caixa. Profissionalizou o conselho”, disse uma fonte do governo.
Outra opção de Mantega é indicar o secretário de Política Econômica, Nelson Barbosa. A opção por Luiz Eduardo Melin de Carvalho e Silva, futuro substituto de Appy na Secretaria de Reformas Econômico-Fiscais é considerada mais remota. Melin, no entanto, deve deixar o Conselho de Administração do BNDES, o que abre uma vaga. “Uma troca de cadeiras não está descartada”, disse uma fonte do Ministério da Fazenda. Nesse caso, Machado iria para o BB e Melin, para a Caixa.