Brasil, Rússia, Índia e China, países integrantes do BRIC, devem fazer um esforço conjunto para impedir ataques especulativos em seus respectivos mercados de câmbio e de títulos, afirmou ontem o presidente russo, Dmitry Medvedev. Ele acrescentou que a troca de informações entre as nações do grupo seria essencial na prevenção desses ataques.
Os países do BRIC farão uma reunião em Brasília no final desta semana. Um assessor de Medvedev disse na última sexta-feira que a Rússia não apresentará nenhuma proposta para a criação de uma nova moeda internacional de reserva durante o encontro, mas continuará discutindo o uso mais amplo do Direito Especial de Saque (SDR, em inglês), a moeda do Fundo Monetário Internacional (FMI).
Em reuniões anteriores, a Rússia criticou a dependência excessiva do dólar como moeda de reserva global e recomendou a criação de uma divisa multinacional para substituir o dólar nessa função.
Para Douglas Smith, economista-chefe para assuntos relacionados à América Latina do Banco Standard Chartered, os países do BRIC devem levar algum tempo antes de conseguirem influenciar as decisões dentro do Grupo dos Vinte (G-20, que reúne os principais emergentes e os países mais ricos), mas juntos eles têm mais força do que separados. Porém, a reunião em Brasília, não deve resultar em medidas concretas.
“Do ponto de vista do Brasil, a necessidade mais premente é pensar sobre comércio e investimentos”, disse Smith.
“Com o tempo, eles devem fazer progressos sobre os temas que pretendem alcançar”, comentou, destacando a vasta gama de assuntos que despertam o interesse dos países do BRIC, como temas ligados às mudanças climáticas e empréstimos ao FMI e ao Banco Mundial. “O importante, no entanto, é que esses países que representam uma grande porção da população e da área mundial continuem se reunindo”, disse.
Em relação ao Brasil, especificamente, Smith acredita que o foco do encontro deve ser em torno de dois temas: investimentos e comércio. “Com a Copa do Mundo e das Olimpíadas, o Brasil precisa de uma enorme quantia de investimentos, o que implica a importação de bens de capital e capital com o intuito de contribuir, uma vez que o Brasil tem taxa de poupança baixa. O Brasil precisará de expertise do exterior e pode conseguir mais conquistas do que os outros países.”