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18 de abril de 2024Se não cuidar da estrutura da balança de pagamentos e da balança comercial, o Brasil pode pôr em risco o resultado positivo obtido ao enfrentar a recente crise econômica mundial. A opinião é do diretor de Estudos Macroeconômicos do Ipea, João Sicsú. Ele explicou que o governo agiu corretamente ao tomar medidas de expansão de crédito e estímulos fiscais à economia brasileira, o que resultou na volta do crescimento neste ano. No entanto, é preciso ficar alerta para que o quadro atual de déficits não se mantenha por um período prolongado.
Em setembro, a conta de transações correntes registrou déficit de US$ 2,311 bilhões de dólares, segundo o Banco Central. Mas o balanço de pagamentos foi positivo em US$ 4,882 bilhões, porém financiado por capital especulativo. Isto porque os investimentos em ações e em títulos de renda fixa apresentaram ingressos líquidos de US$ 6,9 bilhões, antes de o governo taxar o investimento estrangeiro em renda fixa e variável em 2% de IOF. Para piorar o quadro, os dados do BC mostram ainda que os investimentos estrangeiros diretos caíram para US$ 1,816 bilhão em setembro, diante de US$ 6,241 bilhões no mesmo mês de 2008.
A conta corrente somou nos nove primeiros meses deste ano US$ 11,87 bilhões, ante US$ 22,88 bilhões no mesmo período de 2008, um recuo de 48,1%. E o Banco Central estima fechar o ano com um resultado negativo de US$ 18 bilhões para a conta. Em 2010, este número deve fechar negativo em US$ 29 bilhões.
A valorização do real frente ao dólar também está aumentando o volume de importações e, na quarta semana de outubro, a balança comercial registrou déficit de US$ 74 milhões, sexto resultado semanal negativo do ano. No entanto, no ano, ainda há um superávit acumulado de US$ 22,510 bilhões.
Para Sicsú, o risco está na excessiva valorização do real, que deve trazer novos déficits a longo prazo. Ele diz que a primeira medida tomada pelo governo, de taxar com 2% de IOF o capital especulativo, foi correta. “Ela é um alerta amigável ao mercado. Mas temos que esperar mais um mês para ver se ela deu resultado”, avisa. Para Sicsú, se o real continuar a se valorizar, o governo deve tomar outras medidas mais restritivas e pode até chegar, no limite, a proibir a entrada deste capital no país.
O diretor do Ipea, que fez questão de frisar que não está criticando o governo e sim fazendo um alerta, explicou que a combinação desses resultados por um período mais prolongado, “um, dois ou três anos” pode trazer riscos ao país em caso de uma crise cambial, por exemplo. Isso porque sucessivos déficits deverão ser financiados por reservas que têm uma duração limitada. O país não teria mais como se proteger, como ocorreu na última crise, mostrando uma economia robusta.
Outra solução, além da cambial, segundo Sicsú, seria aumentar as exportações de produtos de valor agregado. E este seria o momento para o governo estimular os empresários a aumentarem esta produção. “A confiança dos empresários está em alta, o que significa mais vontade de empreender.” Por isso, ele aconselha o governo a estimular setores produtivos exportadores com incentivos. “Nós exportamos muitos produtos de peso e poucos com valor agregado.”