Representantes do mercado gaúcho de lã pediram ao governo do Estado apoio ao setor, a fim de evitar possíveis demissões. A atual crise econômica está afetando diretamente as exportações, gerando insegurança aos criadores. Uma das alternativas é a liberação de parte do crédito do ICMS acumulado para que a empresa Paramount Têxteis, responsável pela industrialização, compre a matéria-prima da Cooperativa Tejupá, de São Gabriel. Reunidos com o secretário do Desenvolvimento e dos Assuntos Internacionais, Márcio Biolchi, os ovinocultores solicitaram a assistência do governo para garantir o emprego dos mais de 2 mil funcionários da Paramount e dos 4 mil associados da Tejupá, que atualmente responde por 25% da safra. O presidente da Tejupá, Carlos Leal, afirma que, se a Paramount não adquirir a matéria-prima, ela é vendida para o Uruguai, por um valor muito baixo, o que poderá comprometer a produção local. De acordo com Biolchi, o governo tem grande interesse na manutenção dos postos de trabalho no Estado. \”Vamos avaliar o caso com cuidado, pois sabemos da importância que o setor tem, principalmente o número de empregos que gera\”, declara. \”A crise mundial fez com que a Europa diminuísse as compras de novembro a janeiro. Isto fez com que a empresa fosse mais devagar na produção\”, afirma Cláudio Bortolini, diretor da divisão de Tops de Lã da Paramount. \”Se tivermos uma forma de financiar com juros melhores, vamos arriscar e adquirir a lã\”, garante. Preço do milho reage e governo suspende leilões O governo dá por encerrada a ajuda à comercialização do milho nesta safra. Os leilões de Prêmio de Escoamento de Produto (PEP), realizados até a semana passada conseguiram enxugar o excesso de oferta de milho no Mato Grosso e os preços de mercado voltaram a superar o valor mínimo de R$ 11,00 a saca, referência para a comercialização sem prejuízos ao produtor. \”Ainda faremos uma reunião com a Conab, mas com o preço acima do mínimo, ao redor de R$ 14,00/saca, a avaliação é de que não precisamos mais fazer leilões\”, disse José Maria dos Anjos, diretor do Departamento de Comercialização e Abastecimento do Ministério da Agricultura. Segundo ele, só em contratos de opção de venda – mecanismo pelo qual o produtor compra o direito de vender milho ao governo por um preço determinado – a Conab adquiriu o equivalente a 1,5 milhão de toneladas de milho da safra 2007/2008. O dirigente não soube dizer se todo esse volume será efetivamente entregue – os contratos têm datas de exercício diferentes e alguns ainda não venceram. Mas representantes de produtores e cooperativas afirmam que os preços oferecidos – R$ 14,38/saca – continuam sendo atraentes. Já o apoio à comercialização do trigo continua, com novo leilão de PEP para 120 mil toneladas. A reação dos preços internos pode ser um indicativo de que o mercado começa a se autorregular sem a necessidade do subsídio governamental. Os moinhos estão retomando as compras após as férias e, com restrição de oferta na Argentina, têm demandado mais trigo nacional. De acordo com o diretor do Ministério da Agricultura, como parte da reação dos preços internos, deve-se aos leilões de PEP – que têm oferecido subsídio de R$ 178,00 a tonelada para que o trigo seja transferido da região produtora no Sul do País para centros consumidores do Nordeste ou mesmo para a exportação – a decisão de realizar novos pregões será avaliada a partir de amanhã. Para o governo, a ajuda concedida até agora à comercialização do cereal respondeu ao compromisso feito aos triticultores de que o preço mínimo seria assegurado em troca de um maior investimento na cultura, para reduzir a dependência brasileira do trigo importado. Até o ano passado os moinhos importavam quase 70% das suas necessidades do grão; para este ano a projeção é de que as compras externas possam ficar em torno dos 40% do consumo total. \”O plano era de que até 2012 atingiríamos uma produção equivalente a 60% das necessidades. A meta acabou sendo antecipada em 2008, porque a conjuntura internacional foi boa\”, lembra José Maria dos Anjos. Com a quebra de safra em regiões produtoras, os preços do trigo subiram bastante nos seis primeiros meses de 2008. Cotação do trigo fica aquém da expectativa no Estado Apesar dos números positivos relativos aos preços do trigo no mercado nacional, no Rio Grande do Sul o cereal continua com valores em baixa. A saca de 60 quilos não ultrapassa os R$ 24,00, enquanto que no momento do plantio a expectativa de comercialização na colheita era de R$ 30,00 a saca. \”Os preços ainda não reagiram, o que pode ser atribuído a questões logísticas, com o alto custo dos fretes para as regiões Norte e Nordeste\”, ponderou o consultor da Fecoagro, Tarcísio Minetto. Para ele, questões fiscais também contribuem para a manutenção dos preços em baixa. \”O governo só deu isenção do ICMS até fevereiro, o que pode ser prejudicial.\” O Cepea confirmou a tendência de alta nos preços do trigo. Os principais fatores que têm sustentado as cotações são o interesse de compradores domésticos por maiores volumes, os vendedores atacadistas pedindo valores maiores e a queda da produção argentina.