Peter Kurer se curvou ao inevitável ontem, anunciando que não tentará sua reeleição como presidente do conselho de administração do UBS, no encontro dos acionistas do banco suíço que ocorrerá no próximo mês. Kurer, que assumiu a vaga no ano passado em substituição a Marcel Ospel, será sucedido por Kaspar Villiger, ex-ministro das Finanças e respeitado líder suíço. A mudança completará um processo de renovação na esteira da surpreendente nomeação de Oswald Grübel na semana passada como executivo-chefe.
Kurer foi anteriormente o mais graduado advogado do abalado banco suíço e sempre foi visto como uma escolha provisória, devido à sua falta de experiência bancária e sua estreita associação com o autoritário presidente de conselho anterior do grupo. Sua posição foi ainda mais prejudicada pela crescente pressão dos órgãos reguladores dos EUA, que apuram alegações de que o UBS teria ajudado clientes americanos ricos com contas na Suíça a sonegarem impostos.
Apesar de não ser um foco da investigação dos EUA, Kurer, na condição de principal assessor jurídico, havia recebido uma carta de um denunciante da própria empresa em 2006.
A subsequente sindicância interna que iniciou foi desde então considerada inadequada pelo banco e pelo Departamento de Justiça dos EUA, pela forma como tratou as graves alegações de conflito de interesse entre as práticas de alguns executivos de private banking e as normas internas do UBS e da legislação dos EUA. A notícia da saída iminente de Kurer provocou alta de 3,6% nas ações do UBS.
A indicação de Villiger, a ser proposta aos acionistas em 15 de abril, marca uma tentativa do banco para recuperar sua credibilidade, por meio da indicação de um presidente do conselho de administração de reputação impecável. Villiger foi ministro das Finanças da Suíça por oito anos, até 2003.
Antes, havia sido ministro da Defesa. Desde que deixou a política, aceitou vários convites para fazer parte dos conselhos de empresas como Nestlé e SwissRe. “Para devotar toda sua energia a serviço do UBS”, Villiger se comprometeu a renunciar a esses cargos.
“Acredito que estes são tempos excepcionais para o UBS e a Suíça e reconheço as dificuldades que ainda haverá pela frente. Este é, precisamente, o motivo pelo qual aceitei presidir o conselho do UBS, a partir de um sentimento de serviço a este país e a sua população”, afirmou em comunicado.
O anúncio chegou no mesmo dia de uma audiência no Senado dos EUA sobre paraísos fiscais e o papel do UBS de um suposto auxílio à evasão de impostos.