O preço do pãozinho francês em Cuiabá poderá cair até 20% por conta da redução da alíquota do PIS/Cofins, fim do imposto sobre exportação e incremento da produção brasileira na próxima safra. Depois de contabilizar alta anual de 105% sobre o preço da farinha, há uma luz no fim do túnel ao setor.
A previsão é do presidente do Sindicato das Indústrias da Panificação do Estado (Sindipan), Luiz Antônio Garcia, apontando que o redirecionamento das importações brasileiras também irá impactar nos preços ao consumidor.
Segundo ele, as últimas medidas adotadas pelo governo federal viabilizaram a compra da farinha de trigo – matéria-prima básica na fabricação do pão – junto a outros países. “Mudamos o foco das importações. Antes só comprávamos da Argentina. Hoje estamos consumindo trigo dos Estados Unidos, Canadá, Alemanha e Rússia. A Argentina ficou com apenas 40% deste mercado”, conta Garcia.
Ele acredita que a lei da oferta e da procura irá regular o mercado do trigo no país, devido à diferença nos preços adotados entre os concorrentes. “Já detectamos uma queda de 10% nos preços dos distribuidores para a indústria, mas ainda não podemos repassar esta diferença para o consumidor porque os preços continuam defasados para o setor”.
Segundo Luiz Garcia, a farinha – que representa 32% nos custos do pão – teve alta de 105% no período de março de 2007 a maio deste ano. “A indústria teria que aumentar os preços em 32% para compensar esta perda. Quando chegamos a 25%, recebemos a informação da desoneração do produto para a exportação e decidimos interromper os aumentos. Acredito que os preços nas gôndulas irão se manter no patamar atual até à colheita da próxima safra, que deverá ocorrer a partir de outubro”, conta ele.
No mercado local, o pãozinho francês está sendo vendido a preços que variam entre R$ 4,99 e R$ 8 o quilo. “Na média, os preços estão na faixa de R$ 7”, informa Garcia.
Ele lembra que os preços adotados pelos novos fornecedores do Brasil são melhores do que os da Argentina. “Os argentinos também terão que baixar os preços, por isso apostamos numa queda para o consumidor ainda este ano”.
Outro fator que também irá influenciar nesta redução é o aumento projetado de 30% para a produção de trigo no Brasil. “A maior oferta do produto, aliada à questão internacional, poderá baixar o preço da saca de 50 quilos para R$ 70”. O preço vigente na atualidade é de R$ 93/saca.
O Brasil importa 10 milhões de toneladas de trigo por ano. Mato Grosso Grosso importa 10 mil toneladas/mês. A produção brasileira é de quatro milhões de toneladas. Para este ano estima-se uma produção acima de 5,2 milhões de toneladas.
De acordo com o IBGE, a produção brasileira de trigo diminuiu significativamente nas últimas décadas e, mesmo com a recuperação recente, representa apenas 0,4% da produção mundial.
CONTEXTO – O Brasil importa mais de 70% do trigo que consome, quase tudo da Argentina. Mas, o principal parceiro no Mercosul restringiu a exportação e deixou os moinhos nacionais com os estoques baixos. Para importar de outros países era preciso pagar 10% a mais de imposto de importação.