A Polícia Federal enviou para os Estados Unidos no final do ano passado, a pedido do FBI (a polícia federal dos EUA), dados sobre o UBS reunidos na Operação Kaspar 2. Essa operação investigou remessas supostamente ilegais realizadas pelo banco suíço a partir do Brasil.
O FBI ficou interessado nos documentos reunidos na investigação brasileira porque acredita que o crime praticado pelo banco nos EUA -remessas ilegais para não pagar impostos- é similar ao que a PF investigou em 2007.
A operação Kaspar 2, deflagrada em novembro de 2007, prendeu um executivo suíço do UBS, Luc Marc Dépensaz, acusado de captar clientes no Brasil e de usar doleiros para remeter recursos para fora do país, de acordo com a PF.
O esquema funcionava da seguinte maneira, segundo a polícia: Dépensaz vinha ao Brasil a cada dois ou três meses e captava clientes para o setor de \”\”private banking\”, que administra grandes fortunas. Em vez de remeter o dinheiro por meio de bancos, o UBS usava doleiros para enviar o recurso para a Suíça.
As remessas de três bancos suíços no Brasil teriam resultado na sonegação de R$ 1 bilhão em impostos, de acordo com estimativas da PF.
As empresas faziam remessas ilegais porque usavam recursos de caixa dois, resultado de sonegação, segundo a PF.
Além do UBS, outros três bancos suíços são acusados pela PF de fazer remessas ilegais: Credit Suisse, AIG e Clariden. As instituições negam as irregularidades.
Alguns dos clientes do UBS eram empresas que realizam importações sem pagar todos os impostos. À época, o delegado da PF Ricardo Saadi deu o seguinte exemplo de sonegação: \”Se a mercadoria custava R$ 10, essas empresas declaravam R$ 6 e pagavam o resto por fora\”. Para a PF, o \”por fora\” era pago pelos bancos suíços.
Dépensaz foi preso por decisão do juiz federal Fausto Martin de Sanctis e ficou conhecido por uma frase que teria dito aos policiais que o levaram para a custódia: \”Quem tem dinheiro nesse país não fica preso\”. Depois, negou a frase. Liberado, ele voltou para Genebra.
O executivo do UBS é réu, com outras 28 pessoas, num processo criminal sob acusação de gestão fraudulenta de banco, evasão de divisas, lavagem de dinheiro e formação de quadrilha.
Ele é acusado de atuar junto com outro suíço, Marc Henri Dizerrens, um executivo aposentado do UBS que vive na Bahia.
O UBS não quis comentar as supostas remessas ilegais. A assessoria do banco em Nova York ressalta que o UBS Pactual e seus empregados não tem qualquer envolvimento com essas questões.