Luiz Fernando Pezão não só fez parte do esquema de corrupção de Sérgio Cabral como também desenvolveu um mecanismo próprio de desvios quando seu antecessor deixou o poder. É o que afirmam autoridades da Lava Jato nesta quinta-feira (29) – quando pela primeira vez um governador do RJ foi preso no exercício do poder.
As investigações apontam que era cobrada taxa média de 5% de contratos do estado para benefício próprio de Pezão e perpetução do esquema criminoso. Um dos \”acordos\” chegou a 8% do valor.
“Essa organização criminosa continua atuando especialmente em relação à lavagem de dinheiro\”, explicou a procuradora-geral da República, Raquel Dodge, em Brasília. O governador do Rio de Janeiro recebeu voz de prisão nesta quinta-feira (29) no Palácio Laranjeiras, residência oficial do chefe do Executivo Fluminense.
De acordo com os agentes, o governador se surpreendeu com a chegada da Polícia Federal e achou que era para cumprir um mandado de busca e apreensão no local e não de prisão. No entanto, Pezão reagiu bem e chamou os advogados imediatamente.
No Rio, representantes da força-tarefa da Lava-Jato também deram detalhes da Operação Boca de Lobo e destacaram a continuidade dos malfeitos. \”Após a saída de Sérgio Cabral do governo, Pezão passou a comandar seu próprio esquema de corrupção\”, afirmou o delegado Alexandre Camões Bessa, delegado da PF.
As empresas envolvidas destinavam 5% dos valores dos contratos para o esquema de corrupção comandado por Pezão, diz a PF. Um dos casos apontados pelo delegado foi o da Fetranspor.
De acordo com o delegado da PF Alexandre Camões Bezerra, Pezão era parte do esquema de corrupção de Sérgio Cabral. Uma vez estando no poder, o governador passou a ter seus próprios operadores e seguiu os atos de corrupção no comando do poder executivo do RJ.
\”O dinheiro era recolhido entre empresas e prestadores e entregues a operadores\”, destacou Bessa.
\”Essa operação estava madura para ser deflagrada neste momento\”, destacou o superintendente da PF no Rio de Janeiro, Ricardo Saadi. Ele afirmou que as mais modernas técnicas de investigação foram usadas na ação desta quinta.
O político recebeu voz de prisão às 6h no Palácio Laranjeiras, residência oficial do governador.
Batizada de Boca de Lobo, a operação é baseada na delação premiada de Carlos Miranda, operador financeiro de Sérgio Cabral. O ex-governador, de quem Pezão foi vice, também está preso.
Segundo o Ministério Público Federal, Pezão opera esquema de corrupção próprio, com seus próprios operadores financeiros. Há provas documentais do pagamento em espécie a Pezão de quase R$ 40 milhões, em valores de hoje, entre 2007 e 2015.