O presidente do Banco de Desenvolvimento da China (BDC), Chen Yuan, confirmou ontem que a instituição negocia a concessão de novo empréstimo à Petrobrás, depois dos US$ 10 bilhões anunciados em 2009. “Os dois lados expressaram interesse em continuar sua cooperação”, disse Chen, ressaltando que o formato e o valor da linha de crédito ainda estão em discussão.
O presidente do BDC ressaltou que tem interesse em financiar outros setores no Brasil, em especial projetos de infraestrutura. No total, o banco concedeu linhas de crédito para empresas brasileiras no valor de US$ 14 bilhões. Segundo Chen, “o Brasil é muito importante para a estratégia internacional do banco”, que planeja abrir um escritório de representação no País.
Além do BDC, a Petrobrás negocia outro financiamento com o Industrial and Commercial Bank of China (ICBC), maior banco do mundo em valor de mercado. Com planos de iniciar operações no Brasil, o ICBC manifesta desde o ano passado desejo de dar financiamento à estatal brasileira, tendo por garantia a receita da exportação de petróleo para a China.
Chen se reuniu na quarta-feira com o presidente da Petrobrás, José Sergio Gabrielli, e o diretor financeiro da empresa, Almir Barbassa, para discutir os termos do eventual acordo. O encontro ocorreu em Sanya, cidade no sul da China onde ocorreu ontem a terceira cúpula de líderes dos Brics – Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul.
R$ 17 bilhões. Antes de Sanya, Barbassa esteve em Hong Kong para reuniões técnicas separadas com representantes do BDC e do ICBC. A estatal precisa de US$ 17 bilhões para financiar seu programa de investimentos, mas não há definição de valores a serem contratados junto a bancos chineses.
A segurança energética é uma das principais preocupações da China, que importa 53% do petróleo que consome. Estudos do governo indicam que o porcentual subirá para 65% até 2020.
Dois terços do petróleo importado pela China vêm do Oriente Médio e da África, regiões sujeitas a turbulências políticas. Daí o interesse do país em diversificar suas fontes do produto.
O empréstimo concedido à Petrobrás em 2009 foi garantido por contrato de dez anos para exportação de 200 mil barris de petróleo/dia.
A operação foi fechada em maio de 2009 e foi o principal ponto da visita do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva a Pequim. O contrato impulsionou as exportações da Petrobrás para a China, que se transformou no segundo país mais importante para a estatal depois dos Estados Unidos. Em 2010, as importações chinesas de petróleo do Brasil somaram US$ 3,85 bilhões, o que correspondeu a 24% dos embarques de US$ 16,15 bilhões da Petrobrás no período.