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11 de agosto de 2010O Brasil aumentou no primeiro semestre deste ano seu estoque de investimentos – produtivos ou de natureza estritamente financeira – no exterior. Esse movimento ocorreu por causa da elevação dos investimentos brasileiros diretos no exterior (IBD), promovida pelas empresas nacionais, e pela política de acumulação de reservas seguida pelo Banco Central.
A ampliação do volume de bens e direitos brasileiros no exterior significa que aumentou a capacidade de o País gerar dólares no futuro, em um horizonte de médio e longo prazos. Isso porque as reservas internacionais produzirão receitas de juros e o IBD vai gerar remessas maiores de lucros e dividendos das filiais de empresas brasileiras que estão no exterior para suas matrizes aqui.
O chamado ativo externo brasileiro neste ano atingiu US$ 514,30 bilhões, volume 7,3% maior que os US$ 479,22 bilhões verificados no fim do ano passado. As reservas internacionais deram a maior contribuição, com elevação de 6,1%, para US$ 253,11 bilhões. Já o IBD subiu 5,5%, para US$ 166,29 bilhões.
Enquanto o Brasil ampliou sua presença no exterior, o saldo total de investimentos estrangeiros – produtivos ou financeiros – por aqui ficou praticamente estável, totalizando US$ 1,081 trilhão em junho. Dois fatores foram decisivos para esse comportamento do chamado passivo externo bruto. Um deles foi a estabilidade do estoque de Investimento Estrangeiro Direto (IED), aquele voltado para o setor produtivo, no País.
A desvalorização cambial (o dólar passou de R$ 1,74 em dezembro de 2009 para R$ 1,81 em junho de 2010) levou a uma perda de valor do IED no Brasil, ainda que o volume em reais tenha crescido. Esse impacto, contudo, seria menos visível se o fluxo de investimentos tivesse sido forte como inicialmente previam tanto o BC como o mercado. O estoque de IED em junho foi de US$ 403,82 bilhões.
Desvalorização. O outro fator que pesou neste ano foi a diminuição de 10,13% no estoque de investimentos estrangeiros em ações, que passou para US$ 338,32 bilhões em junho. Isso também ocorreu em parte pela desvalorização cambial (já que o estoque de ações é contabilizado em reais, como no IED), mas principalmente por causa do comportamento negativo do mercado acionário no primeiro semestre – a bolsa brasileira teve queda de 11,16% no período.
O impacto desse movimento no saldo total de investimentos foi compensado pela elevação de quase US$ 10 bilhões no estoque de aplicações de estrangeiros em renda fixa – que está relacionada em parte à elevação dos juros básicos – e, principalmente, pela ampliação de 25,5% nos empréstimos concedidos por estrangeiros, cujo estoque fechou junho em US$ 126,48 bilhões.
A combinação de mais investimentos brasileiros fora do País e de relativa estabilidade na presença estrangeira no Brasil levou a uma redução no primeiro semestre do chamado passivo externo líquido brasileiro. Esse indicador reúne todos tipos de investimentos que brasileiros detêm fora do País e os confronta com os bens e direitos que estrangeiros têm no Brasil, revelando os caminhos por onde entram e saem dólares na economia nacional.
Também ajuda a melhor avaliar o grau de vulnerabilidade externa do País, pois mostra a capacidade de geração e de saída de moeda estrangeira na economia. Em junho, o passivo externo líquido brasileiro estava em US$ 566,26 bilhões, volume 5,7% inferior aos R$ 600,66 bilhões verificados em dezembro do ano passado, segundo o BC.
Circunstancial. Para o professor de economia da PUC-SP e especialista em contas externas, Antônio Corrêa de Lacerda, a redução do passivo externo líquido no primeiro semestre é positiva, mas circunstancial.
Segundo ele, a situação internacional incerta colocou um freio no fluxo de IED para o Brasil, mas a tendência para o futuro é que o País receba muitos dólares em investimentos, por causa da exploração petrolífera do pré-sal, da Copa do Mundo e da Olimpíada. A maior presença estrangeira no parque produtivo gera mais remessas de lucros e dividendos ao exterior, ou seja, saída de dólares.
Ele também acredita que o aumento da dívida externa deve continuar, refletindo o crescimento do País e a necessidade de as empresas investirem. Com o maior saldo de empréstimos e títulos, o gasto com juros em dólar deve crescer.
Lacerda considera que a trajetória de alta no passivo externo do Brasil deve ser atenuada pelo processo de internacionalização das empresas brasileiras.
Esse movimento, para ele, precisa ser incentivado pelo governo porque a maior presença do Brasil no exterior significa maior capacidade de geração de dólares.
PARA ENTENDER
O passivo externo líquido, ou posição internacional de investimento, é um indicador que mostra por onde os dólares entram e saem de uma economia.
Por causa disso, é um importante sinalizador sobre a sustentabilidade econômica do País
